Paredes que falam, uma produção de estudantes da Unesp em Marília, já tem data de estreia em projeto que resgata história e memórias da Moradia Estudantil.
Não é pouco. Entre ocupação e conquista de obras, organização e manutenção após instalação, a moradia virou um marco. São décadas da luta universitária na cidade.
O documentário leva para a tela depoimentos de diferentes gerações de moradores que passaram pelo local. Faz isso com iniciativa de moradores do espaço e recebeu recursos da Lei Federal Paulo Gustavo de incentivo à Cultura.
A moradia foi um espaço que possibilitou a minha permanência na universidade. Mas, além disso, é também um ambiente de troca, aprendizado e luta coletiva. Permitiu uma conquista histórica dos estudantes e a possibilidade de não apenas ingressar na universidade, mas também conseguir se formar.
Fernanda Lima Peixoto, estudante e diretora da produção
A moradia garantiu habitação gratuita a alunos da Unesp. A universidade paga custos de água, luz e internet e o conjunto tem 12 casas.
A direção é da aluna Fernanda Lima Peixoto, do curso de Pedagogia. Ela foi moradora até o início das obras. Deve concluir o curso antes da reforma acabar. Seu projeto ganhou de cara apoio de outra estudante moradora, Meri Moraes.
Aluna de Relações Internacionais, Meri tem formação em Artes e acreditou na ideia desde o começo. Atuou da inscrição no edital até a compra dos equipamentos, as gravações e o pós
Meri Moraes morou na moradia e fez parte do 4º e último movimento de ocupação por Moradia na Unesp de Marília.
“Acho que a moradia pra mim significou entender o que é comunidade, e qual o papel dela na nossa vida social, no sentido de respeitar o outro e de viver com o outro em convivência mesmo”, conta Meri.
Para ela, o documentário cumpre a missão de levar a história a mais pessoas.
Envolve pesquisa de Vagner Domingues da Silva, de Arquivologia e edição de Heder da Silva Almeida, aluno de Filosofia.
Importância transcende acolhimento
O documentário apresenta 14 entrevistas e participaram da pesquisa 21 pessoas que. Como estudantes e moradores da moradia, ingressaram na Unesp de Marília entre 1982 e 2022.
“A importância da moradia, então, transcende sua função de acolhimento. Ela se torna um espaço de articulação política e de reafirmação do papel social da universidade. A luta pela permanência é também a luta para que a universidade cumpra sua função pública e esteja, de fato, a serviço do povo”, analisa Fernanda.
Recupera momentos importantes desde o movimento de ocupação de espaços na universidade com pressão para a oferta da moradia, até a construção das casas.
“A universidade, historicamente voltada às elites, se viu pressionada a abrir suas portas para a diversidade social. Mas essa ampliação do acesso só faz sentido quando acompanhada de políticas efetivas de permanência”, diz Fernanda.
O documentário terá sua exibição de estreia no dia 10 de março de 2025, como parte da programação da “Ingressada da FFC”.
A sessão será às 14h, no Anfiteatro da faculdade, e com acesso livre para toda a comunidade.