A Secretaria Municipal de Cultural reuniu em torno de 70 pessoas na noite desta terça-feira em Marília para apresentar detalhes do orçamento, a equipe e discutir com artistas propostas de ativação de eventos e espaços culturais na cidade. O encontro, uma iniciativa inédita de debate e participação aberta aos artistas, aconteceu no Teatro Municipal.
O secretário André Gomes disse que o orçamento do setor caiu muito entre 2016 e 2017, a maior parte será consumida com custos fixos mas a pasta não quer usar a falta de recursos como justificativa para falta de iniciativas.
“No ano passado o orçamento da Cultura foi de R$ 5 milhões. Neste ano caiu para R$ 3,9 milhões. E neste valor e já trabalhamos com previsão de 20% a menos para que a cidade possa cobrir custos de dívidas, parcelamentos e outros custos deixados.”
O resultado seria um orçamento prático na faixa de R$ 3,2 milhões dos quais R$ 1,9 milhão custeiam folha de pagamento e R$ 900 mil bancam custos fixos de manutenção da cultura e o calendário oficial do município, que consome recursos todos os anos. “Falei tudo isso para dizer que nós temos na prática na faixa de R$ 300 mil para investir em projetos culturais todo o ano.”
André Gomes disse que a secretaria tem sido mais uma promotora de eventos que um órgão gestor de cultura. “Não há programa consistente de arte, é uma descontinuidade absoluta e isso é muito triste. E precisamos mudar essa visão da sociedade. Até 80% das pessoas que eu recebo vão pedir ajuda para fazer evento e precisamos ir além disso.”
André afirmou que além deste encontro a Cultura pretende abrir a divulhgação da execução orçamentária, para divulgar a aplicação dos recursos e planejar uma gestão para os quatro anos e para que em 2018 possa ampliar o orçamento.
Apresentou algumas medidas já adotadas, como incluir a cidade em editais de atividades gratuitas que tragam ações culturais para Marília e deve renovar convênio com o Estado para implantação das atividades de oficinais culturais.
“Em 60 dias já fizemos bastante coisa mas sinto como se nós começássemos nos caminhada agora. Acredito que essa noite será marco como momento em que abrimos esse diálogo”, disse André
Participaram do encontro músicos de diferentes estilos, artistas plásticos, artesãos, atores e produtores de teatro, dança e literatura, além de dirigentes e ativistas em movimentos sociais e culturais.
Veja algumas das reações ao encontro
Calu Monteiro, ator e diretor teatral
“Iniciativa maravilhosa, na contramão de tudo o que acontece no Brasil, é uma sorte para Marília. Cultura se faz com pessoas da Cultura e se ele abra acho que a gente vai chegar num caminho ótimo. Espero que Marília seja mais poética, mais brilhante.”
Chico de Assis, músico
“Uma nova fase, um novo jeito de fazer. Conversar com as pessoas. Cultura não é o que leva, é o que vem do povo. Os artistas podem contribuir abrindo a cabeça, cada um pensa de uma forma mas essas formas todas vão levar a um resultado. Espero que a Cultura dê espaço. E se tiver espaço vai ser muito bom. Temos um pólo aqui invejável, se contar as cidades da região chegamos a quase meio milhão de pessoas. Se tiver espaço para se produzir a cultura a gente vai ter público com certeza.”
Krêo Fidelis, músico
Dessa forma, reunião de artistas, Marília tem tudo para voltar ao que era. Não sou saudosista mas acho que Marília estava em um abismo cultural muito grande e a gente está construindo uma ponte. Vai conseguir reatar a vocação cultural que sempre teve, festivais de música, dança, cinema, canto coral. Em outras cidades acontece. Artistas a gente tem bastante, um celeiro, e o pessoal fica sem ação por não ter como mostrar o trabalho.”
Cássia Silva, fotógrafa e ativista cultural
“A iniciativa fui uma das pessoas que apoiou. É uma tentativa de uma união da classe artística com o poder público e a gente está esperando e torcendo para que a Cultura ganhe espaço na cidade com esta e outras iniciativas.”
Marco, músico do Kalibre Show
Bacana, muito bom, nunca tinha havido. A cultura é muito importante e aproximar os artistas é bom. Se tiver espaço os artistas locais ocupam e agradam e atraem o publico. Não precisa investir muito e a gente faz um trabalho que agrada também.