Diferentes prazeres, diferentes públicos e uma noite ímpar. Foi assim a união de cultura e gastronomia que promoveu a apresentação do canal Food Network, oferecido pela Life Telecomunicações em Marília e algumas cidades próximas, e a abertura da exposição de fotografias de Luis Eduardo Diaz e Marcelo Sampaio no Le Marché Bistrô e Empório Gourmet.
Empresários, agentes públicos, profissionais liberais ativistas culturais e de movimentos políticos participaram do evento que apresenta imagens a visão dos fotógrafos para cenas urbanas que traduzem histórias, mudanças, evolução ou atraso nos arredores de Marília.
E tudo isso com uma noite de celebração à gastronomia. Enquanto o Le Marché serviu entradas e petiscos de altíssimo nível, a promoção do canal mostrou que é cada vez maior o interesse do público por culinária, seja profissionalmente ou como hobby.
A noite contou ainda com a diferenciada apresentação de taiko do Nikkey Clube de Marília, que agregou um toque de cultura oriental, que é também inspiração e referência para os organizadores.
A pesquisadora e psicóloga Viviane Giroto Guedes, curadora da mostra, comemorou o sucesso de público na abertura mas acima de tudo envolvimento. “Estes momentos, fazem falta na cidade. Esta celebração de alta gastronomia, de cultura, de encontros”, explicou.
Fala, Luis Eduardo Diaz
Giro Marília – O que a busca pelas imagens mostrou a você?
Luis Eduardo Diaz – O retrato de uma transformação. Você vê reminiscências de um modo de vida, de economia, uma forma de estar no mundo que não existe mais. Tem um aspecto um pouco melancólico nesse olhar. São economias que estão morrendo, pessoas que partiram, sonhos que foram construídos e tiveram de ser reconstruídos. Então ficou um retrato de como nossa região se transforma.
Giro – As fotos traçam um retrato social, a exposição tem a visão de interação com as cidades?
Luis Diaz – A gente retrata a desintegração da unidade da região que existia na época da linha do trem. A cidade é muito carro, individualidade, perdeu sentido coletivo. Explica nossa existência, as cidades cresceram na linha do trem. Você vê que faz falta, o tipo de pertencimento a isso que se chamava de Alta Paulista, uma expressão em desuso, não existe mais este lugar, as pessoas não sabem mais o que isso significa.
Giro – O sucesso desta noite e a descoberta deste espaço mostra que há público, há demanda para consumi cultura?
Luis Diaz – O correto seria fazer esforço para manter espaços coletivos, galeria de arte apropriada. Mas fico satisfeito de estar aqui, lugar aberto, que recebe pessoas de forma democrática e mostra que falta uma pulsação da cultura, não só como espetáculo, mas como uma manifestação da vida das pessoas, as pessoas não só como espectadores mas como protagonistas.
Alê Custódio/Giro Marília
Marcelo Sampaio e Luis Eduardo Diaz durante abertura de exposição no Le Marché: fotos, televisão com tecnologia de ponta e alta gastronomia
Fala, Marcelo Sampaio
Giro Marília – Deu certo esta união de arte e gastronomia aqui?
Marcelo Sampaio – Bom gosto acaba unindo arte e culinária, arte e lazer. Esse espaço representa bem isso, essa união inteligente, requintada, espaço bem convidativo, que chama para uma conversa maior, um lazer muito mais interessante. Acho que Marília apesar de ser uma cidade jovem e de interior, é uma cidade que tem artistas, pessoas que pensam, criticas, criativas. Vem bem a calhar. Marília merecia isso.
Giro – O que as imagens mostram sobre os locais por onde vocês passaram?
Marcelo Sampaio – A gente acabou andando por cidades ao redor de Marília, andamos livres, com espírito aberto, tentando fotografar o que nos chamava a atenção em passagens rápidas, tentando se sentir tocados pelo cotidiano, pelas surpresas que o cotidiano nos dá. Foi a descoberta de pontos tradicionais como barbearia ou mercearia, arquitetura antiga, em que a gente sente a temporalidade da história.
Giro – Além da arte são dois fotógrafos tradicionalmente engajados, envolvidos em debates, A exposição tem isso
Marcelo Sampaio – Da forma como eu vejo a arte não é arte só pela arte. Toda arte é um discurso, uma mensagem, uma opinião. São obras poli cênicas, as pessoas veem e cada uma tira sua opinião. Mas são imagens com a temporalidade, com as vidas dos lugares e das pessoas.