Arte & Lazer

Fotógrafo transforma imagem publicitária em arte e exporta trabalho

Fotógrafo transforma imagem publicitária em arte e exporta trabalho

Depois dos candidatos eleitos, poucas imagens do concurso Miss e Mister Marília arrancam tantos comentários quanto as fotos divulgadas em redes sociais por Mário Felício, 50, profissional que cobriu o evento, fez fotos de bastidores e divulgação de todos os candidatos e candidatas.

A descoberta nas redes sociais é uma novidade para o fotógrafo com 20 anos de carreira, que investe muito em equipamentos, planejamento e trabalho, mas pouco em divulgação pessoal.


Márcio Felício, fotógrafo há 20 anos

Márcio colhe dentro de um estúdio em Marília os bons frutos de uma carreira com 20 anos, possui clientes em todo o país e alguns trabalhos no exterior. Você provavelmente já consumiu, foi atraído ou viu campanhas com as imagens que ele produz. E ainda assim o fotógrafo que exporta arte em imagens é pouco conhecido na cidade.

O portfólio inclui marcas mais conhecidas na cidade e trabalhos com grandes agências de publicidade dos quais a maioria do público na região nunca ouviu falar. Márcio já fotografou casamentos, festas, modelos, eventos em diferentes gêneros e produtos que vão de fast food a grandes implementos agrícolas.

“Minha ideia inicial sempre foi fazer eventos. Mas um dia, um amigo encomendou um trabalho de publicidade, fotografar um pager. E aí começaram a perguntar ‘quem fez, como fez’, e os trabalhos publicitários começaram a aparecer”, conta.

Uma vocação que descobriu por acaso, quase seis anos após se formar e trabalhar como dentista, profissão que escolheu para poder ser livre de patrões ou padrões de empresas e escritórios. Não podia ter dado mais certo com a fotografia.

O que fazer para viver disso? Trabalhe 20 anos, cinco deles com um estúdio/casa onde você vai respirar fotografia 24 horas por dia, aprenda técnicas, compre equipamentos, estude programas e passe até quatro horas para fazer uma foto, além de algumas outras tantas para dar a ela o tratamento que busca.

“Chegou a um ponto em que eu falei: essa máquina não tá dando mais, preciso de uma máquina grande formato, época em que se trabalhava com Cromo. Fui a São Paulo e comprei uma, vinda da Suíça.”

É uma máquina de grande porte e maior versatilidade no uso, muito vista em filmes e vídeos publicitários. “Depois de comprar, fui ver quem me ensinava a usar. E não tinha, tive que aprender sozinho.”

E mais. Saiba montar cenários, compre pratos, formas de assar, copos e taças e com tudo isso, aprenda a cozinhar. Cozinhar? Sim.

Márcio Felício gosta de cozinhar o que fotografa. Ele prepara e monta a maioria dos pratos – exceto quando produz fotos para grandes chefs -. Escolhe ingredientes, decoração e tudo mais. 

Foi assim que produziu embalagens para diferentes linhas de arroz em uma grande marca, além de painéis para restaurantes de grelhados, massas, lanches e sorveterias.

Um dia fui a São Paulo e pedi a uma amiga que tinha muitos contatos se ela poderia me indicar um estúdio. Ela disse ‘vou te indicar o melhor’. Eu entrei, vi aquilo e descobri o que eu queria para minha vida.“


Produção especial para capa da revista Megga Marília

Hoje Márcio Felício faz um evento por mês, especializou-se em trabalho publicitário e o tipo de dedicação que dá a estes projetos são horas para fotografar, garantir todos os detalhes, qualidade de imagem e padrão de iluminação entre outros. No dia-a-dia você nem perceberia toda a dedicação, mas ela está lá até em material para venda de esquadrias, portas e janelas.

“Todas as fotos precisam ter o mesmo padrão de cor, tom e luz. Em todas você precisa ver de forma clara o que é plástico, metal, onde há textura no material”, explica. Isso significa fazer fotos em que peças com 2cm de tamanho parecem grandes máquinas, cheias de detalhes.

E o que faz quando não está fotografando? “Eu respiro fotografia. Saio para passear com meu cachorro todo dia e vejo cenas que gravo na mente como se fossem fotos.” Mas admite que em viagens ou férias não leva equipamentos de trabalho. No máximo uma câmera pequena, daquelas mais simples, para as fotos familiares.

Conhecer o trabalho muda a perspectiva sobre fotos que podem ser vistas todos os dias em lanchonetes, cardápios, compras. Mudou para alguns clientes. Além de marcas que são fieis há mais de dez anos, Márcio começa a atrair contratos pela internet. Produz fotos de alto nível, detalhistas, de longos projetos, sem nunca ver sequer a sede da empresa dona dos produtos. 

Divulgação



Imagem publicitária: Márcio cozinha o que fotografa

“Uma vez recebi um contato pela internet, a marca me pediu para fotografar alguns produtos. Chegou aqui meio caminhão de caixas. Foram dias. Fiz, tratei, enviei, recebi. Nunca vi a sede da empresa”, conta.

A estrutura de trabalho com 360m2 foi montada para esse tipo de situação. Além de espaço único, equipamentos e acessórios, Márcio tem estrutura até para acesso. Faz fotos de pessoas, produtos e grandes equipamentos, como carros, em seu estúdio.

O que falta fotografar? Ruas, pessoas, flagrantes do cotidiano, aquelas imagens com o olhar único para situações rotineiras, que a maioria nem percebe, como público atravessando avenida ou em espaços coletivos. Mas é questão de tempo. Márcio logo faz e você vai acabar vendo, mesmo que nem conheça o fotógrafo.