Nos últimos anos, o conceito de inovação se inseriu completamente no cenário empresarial. Hoje, possuímos normas e certificações de melhores práticas, estudos acadêmicos sobre o tema e empresas crescendo graças à sua mudança de paradigma para um modelo inovador.
Porém, junto com tudo que se torna popular, surgem falsas versões dessas práticas. Por vezes, estas nem são criadas de maneira a buscar uma vantagem ilícita sobre o mercado, mas nascem como fruto de uma má interpretação do que é o conceito e como aplicá-lo.
A inovação é complexa por si só e, erros de compreensão, muitas vezes, levam a aplicações infrutíferas e a uma banalização do termo. O pior é que isso afasta as empresas do que realmente pode ser algo positivo. O medo do equivoco, do charlatanismo e do banal são alimentados pela ignorância de quem aplica uma inovação equivocada, e daqueles que ainda não construíram um senso critico sobre o conceito, dado que é algo em expansão.
Foi pensando nisso que listei abaixo cinco mitos sobre a inovação que vão ajudar o empresário a criar um senso crítico profundo sobre o tema. Isso também serve para aqueles que querem aplicar a inovação, mas ainda se perdem em interpretações erradas.
Inovação é tecnologia – Muitas pessoas ainda entendem a inovação como uma tecnologia. É por isso que quando elas buscam aplicar a inovação em suas empresas, buscam incessantemente criar algo tecnológico. A verdade é que não importa o quão tecnológica seja uma solução. O importante é o problema que ela resolve. Muitas inovações analógicas ou mesmo no modelo de negócios podem ser mais relevantes que as inovações tecnológicas.
Inovação vem da inspiração – Muitos acham que inovar é sentar e ter grandes ideias, coisa de gênios criativos. A maioria desconhece que há processos, métricas, modelos pensados para inovar. A inovação precisa florescer em um ambiente criado para ser fértil às novas ideias. Uma gestão específica para inovar tem como retirar da empresa o que ela tem de melhor e direcionar para as descobertas interessantes.
Eureka! – Sim, a inovação surge a partir das boas ideias, mas elas não acontecem num momento de lampejo, o fenômeno eureka. Louis Pasteur dizia que o acaso favorece a mente bem preparada. Então, nada de ficar sentado esperando as ideias surgirem. A inovação acontece como consequência do entendimento de um problema com o cruzamento do seu repertório. Quanto mais profundo você for nesses dois quesitos, melhores ideias terá.
Inovação é um acaso – Muitas pessoas pensam que a inovação acontece de tempos em tempos, sendo algo raro. Mito! A inovação demanda um processo constante. Uma gestão voltada à inovação é fundamental para garantir práticas permanentes. Criar um ambiente fértil para a aprendizagem, experimentação e proliferação de ideias é fundamental para garantir que sua empresa seja inovadora.
Inovar é para os jovens – Muitos gestores acreditam que inovação é coisa de startup, de empresas jovens, cercadas de profissionais da geração Y. Por mais que as revistas enalteçam os feitos de jovens empreendedores, há muitas pessoas mais velhas trabalhando em startups e esse intercâmbio entre as gerações é decisivo. Quando se tem alguém mais novo olhando um problema, assim como alguém mais velho, temos duas visões que não são antagonistas, mas complementares de como solucioná-lo. Uma equipe multidisciplinar é fundamental para a inovação.
Espero que você tenha entendido que a inovação está ao acontece de todos, independentemente da idade, crenças ou porte empresarial. Mais que uma vantagem competitiva ela pode ser a chave para a sobrevivência de muitos negócios e mercados. Ignorá-la é, de fato, o único erro.
Alexandre Pierro é fundador da Palas, consultoria em gestão da qualidade e inovação, engenheiro mecânico pelo Instituto Mauá de Tecnologia e bacharel em física nuclear aplicada pela USP. Passou por empresas nacionais e multinacionais, sendo responsável por áreas de improvement, projetos e de gestão. É certificado na metodologia Six Sigma/ Black Belt, especialista e auditor líder em sistemas de gestão de normas ISO. É membro de grupos de estudos da ABNT, incluindo riscos, qualidade, ambiental e inovação. Atualmente, cursa MBA em inovação.