Meus pés estão congelados
Estou presa em minha falta de coragem
Meus pés estão endurecidos
Enfraquecidos
Doloridos
Meus pés estão sangrando
Pisaram em espinhos
Que neles ficaram cravados
Meus pés, quando caminham,
Seguem em linha reta
Sendo que querem curvar
Meus pés seguem a lei
Ditada por um dito cujo,
Um rei
Meus pés são revolucionários
REVOLUCIONÁRIOS SEM VOZ
Pés não falam
Alguns não andam também…
Meus pés querem dançar
Meus pés querem a coroa
Mas a coroa de flores…
Ana Laura Bonini.                       

Ritmo do amor

É no ritmo
dos tambores africanos
que sambam
meus sentimentos

Cada estralo
do chicote voraz
se converteu
no amor
manso
e longe de ser fugaz

Cada preconceito
foi exterminado
esquartejado
e exposto
para que ninguém mais
o venerasse

E castigo
dai a quem
descumprir as regras
que o amor impõe

E nesse eterno som
o amor se espalha
é quase um dom
que mata
quem não sabe
amar

Humanidade trazei
àqueles
que ainda
não sabem escutar
o fabuloso tocar
dos tambores
e o balançar
dos amores.

Isabela Garcia Moraes

O lupanar da solidão

Neste  lupanar
O som de um espasmo no ar
É rua 18
Casa 1938
A porta aberta
Sugere mistério
A rua deserta
É um eterno sacrilégio
Não tem vida,
Não tem dramaticidade
nem dor
é um lupanar
sem amor
que a solidão
esta a gozar
gozar com despudor
Gustavo Perez