O jornalista e escritor Nildo Carlos Oliveira, um alagoano que passou a juventude em Marília, faleceu em São Paulo aos 77 anos, vítima de um infarto fulminante.
Nildo iniciou na cidade uma produtiva e bem sucedida carreira. Trabalhou no Jornal do Comércio, frequentou grupos de poetas e escritores, roda de pensadores e foi estudante dedicado.
Esteve na cidade pela última vez no dia 10 dezembro para um final de semana de encontros com familiares da esposa e amigos. Um deles, o jornalista Ramon Barbosa, conta que o escritor mostrava estar disposto e empolgado com ideias de novos livros.
Membro da União Brasileira de Escritores, Nildo mudou-se para São Paulo na década de 60. Trabalhou no grupo Folha da Manhã, onde foi repórter e editor, na Associated Press e nas principais publicações técnicas do país sobre engenharia, arquitetura e urbanismo.
A paixão pelas ideias tornou Nildo um amigo próximo do escritor e alfaiate baiano Osório Alves da Castro, vencedor do Prêmio Jabuti de Literatura em 1961 com o livro Porto Calendário, escrito em Marília, onde Osório fixou-se com a esposa, Josefa, e teve seis filhos.
Nildo era figura frequente nos encontros para discussões políticas e literárias que sempre levaram amigos do escritor à Alfaiataria Rex, na rua 9 de Julho. A ligação manteve-se na capital, para onde Osório mudou-se na década de 70.
Outros parceiros de leituras e textos foram os poetas João Mesquita Valença, que dá nome à biblioteca da cidade, e Flávio Sampieri, que editava o jornal O Caiçara, exclusivamente de poesias e cultura, na cidade.
Em São Paulo, com carreira consolidada, Nildo foi um dos autores do livro Isto o jornal não conta, publicado nos anos 70 por um grupo de escritores paulistas; publicou a novela Madalena, o livro de contos Com a idade da terra (RG Editores) e o romance Olho por Olho.
Jornalista sempre à frente de seu tempo, mantinha na Internet um blog e página de rede social em que cultivava amigos e exercia sua analise política com a visão crítica e texto envolvente que foram suas marcas.
O Blog do Nildo teve última publicação ontem, pouco antes de sua morte, para falar sobre o atraso nas relações humanas simbolizada pelo muro que o governo do Estados Unidos pretende erguer na fronteira com o México.
Nildo Carlos Oliveira deixa o filho, Ricardo Oliveira, e netos. É velado em Sâo Paulo, onde será sepultado nesta sexta-feira.