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Mostra em SP revela desafios e lança debate sobre imigração de haitianos

Mostra em SP revela desafios e lança debate sobre imigração de haitianos

Um fotógrafo inglês, rostos haitianos e uma nova realidade brasileira para conhecer, debater e aprender estão em uma exposição de fotos gratuita que fica em cartaz até final de fevereiro em São Paulo e deve tornar-se itinerante, primeiro em estações de metrô.

A mostra Rostos Haitianos, do fotógrafo Lucca Messer, revela para o país personagens e histórias de migrantes que foram aceitos pelo país mas enfrentam dificuldades extras de integração.

A condição de imigrantes, pobres e negros oferece de forma permanente novos desafios que, segundo o fotógrafo, os haitianos encaram com determinação, muita fé e boa disposição.

Lucca Messer está há 12 anos no Brasil e conta que sempre foi atraído pelo tema da imigração. Nas conversas e pesquisas descobriu as informações sobre a movimentação de imigrantes no tradicional bairro do Glicério, no centro de São Paulo. E nas ruas do bairro descobriu os haitianos.

Um deles tornou-se um amigo e produtor da exposição. Ocarl Joseph ajudou Messer a chegar até os haitianos, ouvir suas histórias e captar imagens sem produção prévia, sem modelos maquiados ou preparados.

Cada foto guarda duas ideias: mostrar quem eles são e dar a eles visibilidade com reconhecimento, cores e integração à paisagem urbana paulistana.

“Muitas pessoas tinham receio, estavam todas legais mas tinham receio de contar a historia. Mas a reação foi bem positiva. Fizemos as fotos em menos de um minuto, não teve produção prévia, de arrumar as pessoas. Queria trazer cor, energia vibrante que eles têm”, conta Lucca.

Segundo o fotógrafo, com a visibilidade a missão da mostra é criar esse debate. “Cada pessoa é diferente mas as historias têm um ponto em comum que é encontrar uma vida melhor. O Brasil abriu as portas e eles enfrentam uma dificuldade enorme em busca de trabalho. Todos vieram em busca de trabalho e todos têm uma dificuldade enorme.”

Alguns são refugiados, mas a maioria é de imigrantes legais que até não gostam do termo “refugiado”. Também na maioria dos casos, maridos vêm primeiro, buscam estrutura para trazer as famílias.

Mas há histórias particulares, como a de uma jogadora de futebol profissional que veio, trabalha como faxineira, guardou dinheiro e deve trazer a família.

E os desafios não acabam. O aumento da movimentação mexe com a economia e os aluguéis no bairro estão subindo muito, os haitianos estão sendo obrigados a sair. Muitas pessoas já estão morando até em outros municípios “São muito focados, muito empenhados. Uma pena que o sistema não deixe eles irem para a frente.”

A exposição com entrada franca fica aberta até dia 24 de fevereiro na Unibes Cultural, na rua Oscar Feire, 2.500, ao lado do metrô Sumaré, das 10h às 19h.