Arte & Lazer

Museu das Relações Rompidas exibe lembranças de términos de casais

Museu das Relações Rompidas exibe lembranças de términos de casais


Um museu em Zagreb, na Croácia , tem chamado a atenção pelos itens peculiares que fazem parte das exposições. O Museu das Relações Rompidas (Museum of Broken Relationships, em inglês) exibe objetos doados por pessoas que terminaram relações e não sabem o que fazer com presentes ou peças que remetam ao relaciomento.

Os doadores podem enviar as “obras de arte” pelo correio e precisam explicar o contexto que envolve a peça. As identidades são mantidas em sigilo para que as histórias possam ser contadas de forma verídica.

Coelho motivou a criação do museu

O museu foi criado por um ex-casal, agora sócio, Olinka Vistica e Drazen Grubisic. A relação deles chegou ao fim há mais de 20 anos e o que motivou a criação do museu foi a “guarda compartilhada” de um coelho.

“[O animal] representava tudo que vivemos, por isso achei que nenhum de nós devia ficar com ele”, explicou Vistica ao The New York Times. A questão foi o “insight” para que o museu tomasse vida.

“Não seria maravilhoso ter um lugar para onde todas as pessoas do mundo pudessem mandar as coisas que restaram depois da separação? Eu me lembro de ter pensado que um tipo de ‘arquivo mundial de romances falidos’ poderia ajudá-las a superar o rompimento e a encarar o fato de que aquele amor existiu”, explicou a mulher.

O museu abriu as portas em 2006 e a coleção atual reúne mais de quatro mil peças e, aproximadamente, 70 itens são exibidos de cada vez. Segundo Charlotte Fuentes, curadora responsável pelo acervo e pela organização de mostras fora da Croácia, toda semana chegam novos itens.

Ela compartilhou na entrevista um dos objetos mais inusitados que o museu já recebeu: “Outro dia me mandaram um pedaço de um bolo comemorativo de 37 anos de casamento. Pus no freezer. Acho incrível o que as pessoas fazem para tentar manter o amor vivo”.


Significado dos presentes vai além do afetivo-romântico

Grubisic salienta que muitos dos presentes, além do significado afetivo-romântico, refletem ainda o contexto político e/ou social do país de origem.

“Quando promovemos uma mostra nas Filipinas, recebemos muita coisa de casais que se separaram por causa da emigração”, conta ele. “Milhões de filipinos vão para o Canadá , Dubai  e outros lugares para trabalhar; aí acabam se separando. Tenho certeza de que, se montássemos uma exposição na Ucrânia , ficaríamos sabendo de um monte de histórias de perdas causadas pela guerra”.

A sócia do homem acrescenta que no início os parceiros de negócio ficaram com medo de receberam “só lembranças de namoricos sem consequência”, mas logo as histórias começaram a ficar bem complexas.

“Temos itens da Segunda Guerra Mundial, envolvendo terrorismo. Coisa pesada mesmo. Mas a vida também é, não?”, diz Vistica que salienta que os itens não necessariamente refletem apenas o rompimento de relações amorosas.

“[Uma] mulher que doou [dois sutiãs] disse que tinha acabado de fazer uma mastectomia dupla e que estava se livrando deles [dos sutiãs], torcendo para que pudesse recuperar a relação que tinha com o próprio corpo […] Sempre fizemos questão de deixar o nome do museu em aberto; é apenas o ‘Museu das Relações Rompidas’, não fala nada de amor. Todos os relacionamentos são emocionais, não só os românticos”, explica.

Contudo, a “obra” mais inusita da mostra permanente talvez seja uma placa de Petri com uma raspagem de pele de mais de 30 anos. “Uma bióloga recolheu a amostra do primeiro namorado para o caso de ele sofrer um acidente e ela poder cloná-lo”, explicou a curadora Charlotte Fuentes.

Por mais estranho que pareça, este não foi o único item recebido envolvendo uma parte humana, conta Grubisic.

“O museu nem pode receber partes do corpo pelo correio, mas uma apresentadora de TV croata uma vez mandou uma pedra de vesícula, dizendo que o parceiro lhe dava nos nervos de tal maneira que contribuíra para a formação da obstrução. E escreveu: ‘Isso foi o que ele me deu'”. 

Vistica finaliza a história: “No fim das contas, sabe-se lá por quê, ela pediu a pedra de volta. Devolvemos, mas agora estabelecemos uma regra de não restituição, mesmo quando o doador volta com o(a) ex”.


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Fonte: IG Turismo