A história é quase um clichê: amigos com carreiras profissionais bem resolvidas se encontram para tocar música e decidem formar uma banda. Aconteceu de novo, o som é bom e o Giro Marília foi acompanhar o nascimento da banda Sem Partido, que estreia na próxima sexta-feira com um show tributo ao roqueiro Raul Seixas no Bar do Português.
A banda une um contador, um cirurgião dentista, um farmacêutico e um músico de carreira. A paixão comum é a música, o rock e especialmente Raul.
O ensaio acompanhado pelo Giro aconteceu na noite de uma sexta-feira e apesar da data, do horário e da descontração e alegria que o momento inspira, não teve nada de maluco. Pelo contrário. O grupo esbanjou profissionalismo, cuidados técnicos, preocupação com letras, ritmos, encontro dos instrumentos e fidelidade ao som de Raul Seixas.
A data e o estilo de show têm motivos. Nesta terça-feira, dia 21, a morte do roqueiro mais famoso do país completa 29 anos. Em São Paulo uma passeata vai tomar as ruas do centro para lembrar o músico. É o “Dia Pra Sempre Raulzito”, fruto de uma lei paulistana de 2007. Parte da banda estará lá, especialmente o vocalista, Fábio Colombo.
Barbudo, cabeludo, roqueiro de jaqueta de couro, Fábio é um técnico em contabilidade com boa carreira. Toca com o cirurgião dentista Fábio Veroneze, outro profissional de sucesso que também fica muito à vontade com a guitarra.
O farmacêutico Christian Voss, com o baixo e as influências na escolha do repertório e ritmos do ensaio, e o músico Marco Aurélio Xavier, na bateria, completam a banda.
“Eu fiz uma pesquisa e achei pelo menos 200 bandas covers do Raul. Eu toco Raul desde os 11 anos. Tocava quando nem se podia falar de Raul. Tenho amigos que pararam de falar comigo por causa disso e hoje me veem em churrasco e pedem para eu cantar”, conta Fábio.
Ele participou do mais famoso programa de música em Marília, o Projeto Talento, que na década de 80 revelou grandes nomes da área na cidade. Mas o tema da época era o rock nacional das novas bandas, rock internacional e especialmente a MPB. “Eu não podia tocar Raul no Talento”, diz Fabio.
Marco Aurélio, o Marquinho, toca também desde a década de 80, com bandas que acabavam de nascer na cidade. Único músico de carreira no grupo, estudou no concorrido curso de Tatuí.
Tocava no Balcão, bar da rua Sargento Ananias no prédio onde funciona hoje o Berlin, mais tradicional espaço do rock na cidade, mas que foi criado pelo jornalista Franz Neto na década de 80.
O dentista Fabio Veroneze tinha 18 anos quando Raul morreu. Gostava de rock nacional mas confessa que não acompanhava tanto o “Maluco Beleza”. Descobriu depois e não deixou mais.
“Na época o que se ouvia, o que tocava em todo lugar era o rock nacional, as bandas da época. Mas Raul mostrou que é transcendental, não tem fase, não tem tempo, está sempre atual”, disse o músico.
APOIO
A banda ensaia com o suporte do arquiteto e artista plástico Luiz “Raul” Colombo, irmão do vocalista e responsável por Fabio ter se tornado fã de Raul Seixas. Ele levou ao encontro os cartazes históricos de dois shows com Raul Seixas na cidade, um na Unimar, com presença do jogador Casagrande, e o último deles em maio de 1989, poucos meses antes de o músico morrer.
Colombo levou também a coleção de discos do artista, desde o álbum Raulzito e os Panteras, até algumas coletâneas lançadas após a morte de Raul (veja fotos abaixo). Não pode levar o acervo todo, como uma guitarra réplica de modelo usado por Raul Seixas que ele mesmo produziu – ‘e o som é bom demais’ – ou pequenas esculturas do artista.
Nada disso aparece no show, mas Colombo auxilia o irmão nos ensaios, ajuda com as letras, organização, convites aos amigos e já forma a base do fã clube da nova banda. O resultado de toda essa união você confere na sexta, dia 24, a partir das 21h no Bar do Português.