A estreia da Orquestra Sinfônica de Marília atraiu grande público, teve duas sessões com muitos aplausos de quem conseguiu entrar e provocou polêmica pela falta de ingressos – boa parte doada a convidados especiais – e muita gente que foi embora sem assistir. Quem entrou saiu elogiando. O problema é a falta de controle sobre quem entrou na primeira sessão: conta sobre convidados e ingressos distribuídos não bate.
Com lotação acima de 400 lugares – na inauguração falava-se em 470 poltronas – público da fila ouviu que havia apenas 80 ingressos disponíveis. Mas a Secretaria da Cultura indica que havia 200 convidados oficiais. Para quem foram mais de cem ingressos da primeira sessão?
“Nossa conta não bate, estamos apurando como foram entregues alguns convites, com humildade reconhecemos nosso erro e reparamos viabilizando a segunda sessão para que todos assistissem”, disse o secretário da Cultura, André Gomes, em nota divulgada nesta terça. Mesmo assim, segundo o secretário, havia mais público que espaço no teatro.
O problema superou nas primeiras horas a divulgação do evento em si, uma grande conquista para a Cultura na cidade, e deve mudar a organização de grandes eventos que envolvam atração pública e interesses de convidados e autoridades.
A falta de espaço para público em grandes eventos foi maior que a registrada quando o teatro foi reinaugurado em junho do ano passado, quando 35% dos ingressos estavam destinados ao público. E se repetiu com um agravante: a constatação de que alguém foi convidado e não estava na lista oficial.
A orquestra foi viabilizada pela formação de uma associação responsável pelo trabalho, que envolve dirigentes e apoio de empresas da cidade. A associação recebeu 150 dos convites e a Cultura destinou outros 50 a autoridades.
“Se o município quer realizar apresentações para convidados, que o faça, não há problema, faça uma sessão fechada e outra para os mortais que também contribuíram com seus impostos para construção do teatro. Minha alegria de ver tanta gente para assistir música clássica, desapareceu ao ver o descaso com que foram tratados”, postou a jornalista Izabel Dias nas redes sociais. Ela foi uma das muitas pessoas na fila para a estreia.
“No final, tinha um problema matemático: tinha mais pessoas interessadas em assistir do que assentos disponíveis no Teatro, portanto mesmo que todos os convites estivessem disponíveis ficaria gente de fora”, argumenta o secretário.
Veja abaixo a nota oficial de André Gomes sobre o caso
“Cheguei ao Teatro e encontrei com alegria uma fila enorme de pessoas, imediatamente fui até o Maestro Emiliano Patarra e propus uma segunda sessão, ele consultou os músicos que toparam e logo em seguida fui pessoalmente a fila pra me desculpar com cada um e entregar convite pra segunda sessão, no final todos (exceto quem foi embora antes de ouvir uma explicação) assistiram um belo espetáculo.
Cometemos um erro grave de não divulgar que 200 convites foram distribuídos antecipadamente sendo 150 para os integrantes da Orquestra e 50 para autoridades, ainda assim nossa conta não bate, estamos apurando como foram entregues alguns convites, com humildade reconhecemos nosso erro e reparamos viabilizando a segunda sessão para que todos assistissem.
No final, tinha um problema matemático, tinha mais pessoas interessadas em assistir do que assentos disponíveis no Teatro, portanto mesmo que todos os convites estivessem disponíveis ficaria gente de fora.
Por fim, reafirmo que entendo sim, que isso é democratizar o acesso a cultura, em primeiro lugar porque o Concerto não foi um evento isolado, está conectado a uma política cultural que está em curso desde 1º de janeiro.
Em segundo lugar, foi o Concerto de fundação da Orquestra Sinfônica de Marília, ocasião em que eu e o próprio Prefeito nos comprometemos a investir recursos do orçamento municipal para a manutenção da Orquestra a partir de 2018, ou seja, Marília está fundando o seu primeiro Corpo estável, que para além de concertos por toda a cidade vai realizar um processo de formação musical de excelência.
Além disso nos primeiros cem dias esse Teatro Municipal nunca esteve tão aberto ao povo, já foram nove peças teatrais gratuitas, Banda Francisco El Hombre, três espetáculos de dança de alto nível da Cia Promodança, Banda Sinfônica da PM entre outros.
Enfim poderia dar diversos outros exemplos que estão em curso, mas reitero que estamos inteiramente a disposição para o dialogo.
Reconhecemos nosso grave erro o que em outras palavras pode ser chamado de amadorismo, que está presente não só na gestão do Teatro, mas de todas as instituições culturais do município, temos dois Museus, nenhum museólogo e nenhum historiador, nenhuma pedagoga, uma Biblioteca com apenas duas bibliotecárias (uma se aposenta esse ano) e por ai vai.
Isso tudo está no horizonte, agora imaginar que em quatro meses vamos resolver problemas acumulados em 40 é improvável, mas temos a convicção de que nos próximos 4 anos vamos dar um salto extraordinário no que se refere a política cultural.
Com certeza há interesse da Prefeitura, através da Secretaria da Cultura em realizar e apoiar as novas apresentações da Orquestra, porém ainda não há datas definidas para tais eventos – o que esperamos que seja quanto antes.”