Arte & Lazer

Osório Alves de Castro, alfaiate e escritor em Marília, ganha exposições na Bahia

Osório Alves de Castro, alfaiate e escritor em Marília, ganha exposições na Bahia

Uma exposição de textos, fotos, documentos, material divulgado na imprensa e arte de rua vai percorrer cinco cidades da Bahia para contar um pouco da história de Osório Alves de Castro, escritor e alfaiate nascido na cidade baiana de Santa Maria da Vitória e radicado em Marília na década de 30.

A exposição foi organizada pelos historiadores Paulo Henrique Martinez, da Unesp de Assis, neto de Osório, e Cláudia Eliane Parreiras Marques Martinez, da UEL (Universidade Estadual de Londrina).

O material foi organizado em 2015 por um grupo de pensadores, artistas e educadores através do “Museu Tamarindo”, uma rede de memória e informações sobre o escritor.

Agora integra projeto de extensão da Universidade Federal do Oeste Bahia e vai percorrer cinco campi, com um mês de exposição em cada, nas cidades de Santa Maria da Vitória, barreiras, Bom Jesus da Lapa e Luiz Eduardo Magalhães.

Envolve acervo da família, amigos e pesquisas em São Paulo e Santa Maria da Vitória, onde a memória e o trabalho do escritor são preservados e cultuados, muito mais que em Marília.

Grafites nas ruas com a imagem de Osório lembram sua obra e o João do Patrocínio, personagem central do romance Porto Calendário, com prefácio do amigo, escritor e jornalista Herculano Pires, que deu a Osório o Prêmio Jabuti na categoria Romance em 1962, pouco depois de seu lançamento, quando o escritor ainda vivia e trabalhava em Marília.

Os curadores Paulo e Cláudia Martinez acompanharam a abertura, que conta com um painel de apresentação com texto do historiador que resume a vida e a produção de Osório.

“O alfaiate que costurava palavras. A pena corria quando tesoura, agulha e máquina de costura descansavam. O alfaiate costurava, então, palavras. Borda, dobra, mede, remenda, corta. Osório Alves de Castro nasceu em Santa Maria da Vitória, Bahia, em 1901. Em 1934 radicou-se em Marília, São Paulo. Foi militante comunista. Publicou três livros. Faleceu na capital Paulista em 1978. O Museu Tamarindo abriga coleção de fotografias, livros, objetos, manuscritos e documentos do universo do escritor. Em maio de 2015 o projeto de extensão universitária “Museu e história dos municípios” promove sua difusão “, diz o texto de Paulo sobre a exposição.

O artista plástico e professor Jairo Rodrigues da Silva, um apaixonado pela obra do escritor e morador de Santa Maria, é um dos responsáveis por este resgate histórico. Há aproximadamente 30 anos atua com grupo de educadores e outros profissionais na organização de eventos de divulgação dos livros, idéias e vida do escritor.

“A exposição tem um nível de importância muito alto, atinge gerações atuais despertando para literatura de Osório. Há 30 anos, quando começamos a incentivar a leitura de Porto Calendário, promover seminários e outros eventos, não se conhecia essa obra.”

As iniciativas isoladas passaram a conquistas respaldo público e reconhecimento em todo o Estado da Bahia, inclusive com repercussão em grandes veículos de comunicação, como o jornal A Tarde, um dos principais na capital baiana.  

“Estamos felizes que este trabalho, que foi tão espontâneo no passado, está provocando outro despertar, na linha certa, que procura cada vez mais salientar o reconhecimento do vale do rio São Francisco e em especial do rio Corrente, que é o afluente que passa aqui por Santa Maria”, define Jairo.


Grafite com rosto do escritor em muro de Santa Maria da Vitória – Bahia.

VIDA

Depois de deixar sua cidade, ainda jovem, Osório passou pelo Rio de Janeiro, São Paulo, Bauru e Lins até se fixar em Marília. Montou aqui a alfaiataria Rex, que funcionava na rua 9 de Julho e foi centro de encontros políticos e roda de conversas sobre cultura em geral.

Em sua casa, na rua XV de Novembro, Osório exercia a paixão por livros, lendo e produzindo “Porto Calendário” e depois “Maria Fecha a Porta Prau Boi Não Te pegar”, nome de planta comum na cidade e deixou pronto o terceiro, “Bahiano Tietê”, publicado após sua morte.

Em Marília Osório formou com a esposa Josefa Medina de Castro família com seis filhos: João, Terto, Larissa, Carmen, Osório e Pedro, dos quais Terto e Carmen – que mora em Marília – continuam vivos.

Osório mudou-se para São Paulo na década de 70, quando todos os filhos já haviam seguido para a capital, onde vivem Terto e alguns netos do escritor.

Outros familiares vivem em Campinas, Minas, Paraná e Europa. Em Marília, além da filha Carmen, vivem também uma nora e cinco netos de Osório, que dá nome a uma rua do bairro Fragata.