A pele madura, amadura. A pele madura que atura o olhar do tempo pelos olhos dos outros.
As marcas, os vincos, os caminhos que a pele vai criando no tempo, suportam o olhar dos outros que julgam o tempo, e que, no tempo, são consumidos pelo medo de madurar também. Como todos, somos filhos da ampulheta, dos instantes da areia que escoa.
A pele, o baú talhado no tempo, guarda marcas e histórias que contam sobre o ontem e por sorte ou destino, contará histórias de um amanhã.
Presenteia a beleza do ser, do que é, e do que há de ser, no agora. É só reparar bem: o “tic toc” do ponteiro, o ruído leve da areia que são grãos minúsculos acumulados, que caem para o interior da parte inferior. A gravidade é Newton. É maçã madura caindo.
Quanto ao medo, ele tem sua função, ou melhor, suas mais variadas funções: revela por si, o que domina e fazem fugir do espelho refletido, os que buscam abrigos nas ranhuras em rostos alheios, na vagarez das pernas antes ágeis, nos olhos transformados em lentes grossas bifocais.
É, o presente é o agora, afastar pra que? Se nesse caminho as certezas são tão volúveis quanto um orgasmo intenso. É preciso gozar, sim! Cada instante sob os olhos de quem julga as saias curtas, o batom borrado, o cabelo por fazer, e principalmente as rugas e as estrias tatuadas na pele.
A pele madura que atura, a madura arrogância do preconceito que caduca, mas que fica, quase como o tempo.
Será o tempo um deus que achou, na humanidade, algo que perdura uma idade sem fim. Esse tal preconceito quer briga mesmo.
E no meio disso, a pele madura atura, atura e atura.