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Pesquisa na região mostra história e trajeto de escritor premiado de Marília

Pesquisa na região mostra história e trajeto de escritor premiado de Marília

O pesquisador Paulo Henrique Martinez, livre-docente em história e professor da Unesp de Assis, iniciou uma peregrinação por bibliotecas e museus da região em busca de informações sobre a vida do alfaiate e escritor baiano Osório Alves de Castro, falecido em 1979, que viveu em Marília por quase 40 anos.

Osório escreveu na cidade três romances. O primeiro deles, Porto Calendário, recebeu em 1961 o Prêmio Jabuti, o principal da literatura no país. Antes de chegar a Marília, em 1934, Osório viveu em Lins por quase dez anos. Manteve uma alfaiataria, conheceu a esposa, Josepha Medina, e teve dois dos seis filhos, João, já falecido, e Terto, hoje com 83 anos, que vive em São Paulo.

O casal teve em Marília os outros quatro filhos. Carmen, a quarta, é a única viva na cidade, onde moram cinco netos e bisnetos do escritor. O pesquisador busca em Lins dados da vida pessoal e registros da atividade profissional do escritor.

O último livro de Osório, Bahiano Tietê, faz diversas referências à cidade, identificada com o nome de Alins, uma simbologia para Albuquerque Lins, primeiro nome do município usado na época em que Osório chegou à cidade.

O livro foi publicado de forma póstuma, em 1990, 12  anos após a morte de Osório. Paulo Martinez busca em Lins identificar referências citadas no livro, como o Hotel dos Viajantes, o primeiro de Lins, cidade nove anos mais velha que Marília e com ocupação mais antiga, iniciada a partir de 1909.


Jornalista Carlos Eduardo Motta, o Didu (dir), auxilia pesquisa histórica em Lins – Reprodução/ Prefeitura de Lins

O trabalho ganhou orientação especialmente em contato com o jornalista Carlos Eduardo Motta Carvalho, o Didu, considerado um protetor da história da cidade.

Didu comandou por 32 anos o jornal Correio de Lins e hoje atua na biblioteca e no Museu de Lins com projetos para digitalizar arquivos e reunir informações sobre pioneiros, economia, vida privada e desenvolvimento de Lins.

Fotos de prédios antigos, pesquisa de livros e documentos como jornais da época – Lins tinha pelo menos dois, Comércio de Lins e O Progresso, que teria publicado artigos do escritor.A pesquisa recebeu também o apoio do professor aposentado e ex-vereador da cidade Antonio Folquito Verona 

“O período em que Osório viveu e trabalhou em Lins tem poucos registros identificados na história do escritor. O livro dá muitas referências históricas”, diz Paulo Henrique Martinez, que também faz estudos sobre atividades do escritor em Marília.

Osório viveu na cidade até o começo da década de 70. Foi um dos fundadores da Associação dos Alfaiates e manteve por muitos anos a Alfaiataria Rex, na rua 9 de Julho, em salão embaixo do Líder Hotel. Com a mudança dos filhos para São Paulo, acabou deixando a cidade com a esposa, que faleceu pouco depois.

O acervo sobre o escritor está sendo reunido e divulgado em exposições que mostram dados pessoais e a obra premiada do escritor. A intenção do pesquisador é trazer a exposição para Marília e apesar de alguns contatos adiantados não há previsão de data para a abertura do evento.