Não quero ser como o rio
que despenca em cachoeira
indo ferir-se nas pedras
só para ser arco-íris.
Não quero ser como as ondas
de um mar encantador
sempre prontas a engolir
enfeitiçadas criaturas.
Não quer ser como o sol
que penetra a frágil pele
de mulheres seminuas
só para sentir-se rei.
Não quero ser como a águia
que devora com volúpia
outras aves descuidadas
só para ser a mais forte.
Não quero ser como a árvore
que se deixa abater
só para ser obra de arte
nos palacetes reais.
Só desejo ser platéia
diante deste espetáculo
em que o belo se confundo
com o feio abominável.
Fevereiro de 2004