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Turismo gastronômico: entenda o que é e conheça algumas opções pelo Brasil

Turismo gastronômico: entenda o que é e conheça algumas opções pelo Brasil


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Muitas vezes, agradar os cinco sentidos (visão, audição, tato, olfato e paladar) é determinante para fazer com que uma viagem seja marcante e prazerosa. Por isso, a gastronomia  é capaz de conquistar o turista “pela boca” – e certamente por outras características além do sabor, a consistência, o cheiro, a aparência e até o barulho que algum alimento faz ao ser mastigado – e se destaca em muitos destinos. O turismo gastronômico é um dos mais buscados no mundo. Entenda o que exatamente o caracteriza e conheça algumas opções no Brasil.

Comidas regionalistas, simples ou assinadas por chefs renomados, elaboradas para uma ocasião específica ou harmonizada com uma bebida ideal, em qualquer formato, a culinária é atrativa de qualquer maneira. Segundo a Organização Mundial de Turismo (OMT), o turismo gastronômico é o terceiro principal motivador para viagens, atrás apenas de cultura e natureza , e na frente de compras, bem-estar, esportes, religião e necessidades médicas. Segundo a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), a gastronomia foi responsável por movimentar R$ 250 bilhões no Brasil somente no ano de 2018.


O turista que busca esse tipo de viagem, com foco na alimentação, vai se deparar com uma forma de imergir na cultura e história de um destino. Para a mestra em turismo e hotelaria Raquel Avelino, é pelo turismo gastronômico que o viajante conhece iguarias únicas de certas regiões, além de detalhes que rementem ao passado e à cultura que é transmitida por gerações. “O turismo gastronômico é uma forma de conhecer a cultura local. É possível conhecer a história de um povo e suas várias perspectivas pela gastronomia. Em Pernambuco, por exemplo, tudo é muito doce. Há o costume de colocar açúcar em tudo, no suco, no café; também se consome doce em calda; o bolo de rolo, iguaria do estado, é coberto de açúcar em cima. Tudo isso remete à enorme produção colonial pernambucana de cana de açúcar, que marca a história do estado, com exploração de negros e expulsão de índios de suas terras para o cultivo”, explica Raquel.

Essa maneira de se envolver com a cultura e a história local aparece muito frequentemente em programas de TV ou séries turísticas, como “Pedro pelo mundo” (GNT) e “Street Food” (Netflix). Em seus episódios, muitos momentos são dedicados aos diferenciais da culinária, mostrando ao expectador o que é possível encontrar de diferente ou único em um destino. O turismo gastronômico pode ser focado em um único elemento culinário, como, por exemplo, o açúcar, a carne de bode, o vinho, o milho, mas também pode ser voltado para apresentar ao turista uma variedade grande de opções culinárias. “Existe uma infinidade de opções. São muitas rotas gastronômicas. Tudo que o turista buscar, ele vai encontrar. Precisa saber apenas se quer algo mais luxuoso ou mais ‘raiz’. E isso vai depender do tipo de consumo do turista”, afirma Raquel. É comum que uma rota gastronômica se “venda” como a única do mundo a disponibilizar determinado prato. O Brasil, por exemplo, consome muito milho verde e pratos típicos baseado nesse legume . Entretanto, o México é conhecido pela variedade em pratos de milho, onde se é possível encontrar o legume em vários tipos e cores.

De acordo com a turismóloga, qualquer destino pode oferecer opções de turismo gastronômico, apresentando seu diferencial, história e cultura. E não fazê-lo significa ficar para trás entre as opções de viagem dos turistas. “Quando um destino não explora bem a sua gastronomia para o turismo, ele perde a oportunidade de se diferenciar e se destacar entre as opções para os viajantes. Alguns lugares podem possuir boa diversidade culinária e, mesmo assim, não serem reconhecidos como turismo gastronômico. Isso vai depender de como o turismo da região é vendido principalmente, se é religioso, de natureza, para compras, entre outros, ou com foco na gastronomia”, finaliza Raquel.

Rotas gastronômicas brasileiras

1) Rota do chocolate (Ilheus, BA) A cidade baiana de Ilhéus oferece aos turistas a “Estrada do Chocolate”, trajeto de 40 km que deve ser feito de carro. Ao longo do caminho, pela BR 101 e que vai até a cidade de Uruçuca, o viajante pode encontrar 16 lugares que entregam ao viajante uma verdadeira imersão ao cacau. A colheita nas fazendas, a produção em fábricas, tem de tudo. O turista é levado de volta ao passado e pode ver como tudo começou no cultivo do cacau.

2) Rota do café (Serra Negra, SP) Serra Negra, no interior de São Paulo, tem uma longa trajetória como grande produtora de café, desde meados de 1880. As tradições deixadas por imigrantes italianos persistem na região até hoje. A rota resgata essa história em museus, adegas, restaurantes, ranchos e, claro, muitas fazendas de café. O destino total possui 8 km e é ideal para ser percorrido de carro, parando para tomar cafezinhos.

3) Rota do queijo (Serra da Canastra, MG) O Parque Nacional da Serra da Canastra, no sudoeste de Minas Gerais, é conhecido pelo consumo do queijo canastra. A altitude e o clima do local contribuem para a produção do queijo encorpado e saboroso, Patrimônio Imaterial do Brasil. É possível visitar fábricas que produzem o laticíneo e degustá-lo. O município mais visitado dessa rota é São Roque de Minas.

4) Rota da moqueca (Vitória, ES) “Moqueca só capixaba, o resto é peixada” é uma frase que o turista que vai a Vitória escuta com frequência, tamanho orgulho da população por sua culinária. A moqueca capixaba, preparada com frutos do mar, é o verdadeiro tesouro da região. O resultado final é formado por uma mistura de tradições deixadas pelos índios, negros africanos e colonizadores europeus. 

5) Rota das cantinas históricas (Bento Gonçalves, RS) A cidade de Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha, é referência na produção de vinhos nacionais. O município abriga alguns dos mais renomados produtores do Brasil. Mas, além disso, uma herança deixada pelos imigrantes italianos foram as cantinas, onde é possível comer massas saborosas e degustar diversos produtos coloniais, como salames, biscoitos, queijos. É possível aproveitar a região e harmonizar a gastronomia com vinhos locais. O trajeto percorre uma estrada do distrito de Faria Lemos. O ideal é ir de carro.

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Fonte: IG Turismo