Um grupo de crianças, entre 4 e 5 anos de idade, conheceu hoje (19) a mais nova atração da TV Brasil: o desenho animado Guilhermina e Candelário. De origem colombiana, o desenho mostra o cotidiano de uma família negra. Na capital paulista, a animação foi apresentada aos alunos do Centro Educacional Unificado (CEU) Caminho do Mar, no bairro do Jabaquara, zona sul da cidade. O centro educacional tem uma política de defesa da cultura negra e contra o racismo. Nesta semana, a unidade tem uma programação sobre o tema, inclusive, com palestras a respeito da intolerância religiosa.
Com um turbante azul turquesa, João Victor, um dos meninos que estava na plateia, gostou do desenho. “Ele pode combater o preconceito”, disse, ao contar já ter sido vítima de racismo.
Guilhermina e Candelário são irmãos que vivem em uma pequena praia. Sonhadores, transformam cada dia em uma incrível aventura. Eles esperam ansiosamente a chegada do Vô Faustino, um velho pescador, a quem contam suas aventuras. O avô desfruta das histórias narradas pelos netos e em alguns casos é cúmplice delas, compartilhando sua experiência de vida e grande sabedoria sobre o entorno natural e inspirando-lhes amor e respeito por todos os habitantes do mundo marinho e costeiro. A animação é uma coprodução da Señal Colombia com a Fosfenos Media.
O secretário Especial de Política de Promoção da Igualdade Racial do Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e Direitos Humanos, Ronaldo Barros, destacou que o gênero é inédito na televisão aberta brasileira, com a maioria dos personagens negros. “Sem se ver na TV, a criança não se sente aceita na sociedade”, disse.
Para a gestora do CEU Caminho do Mar, Marineusa Medeiros, o desenho irá “favorecer o desenvolvimento tanto cognitivo, como emocional de cada uma das crianças”, destacando que é mais comum o acesso aos personagens da Disney, com princesas loiras e brancas.
“Eu sou de uma geração em que todas as bonecas eram brancas, loiras e de olhos azuis. Passei por tudo aquilo que você possa imaginar na questão de me aproximar um pouco daquilo que é representado pela mídia, desde alisar os cabelos até colocar lentes de contato coloridas”, destacou.
Na opinião da professora Beatriz Cristina Gonçalves, o novo desenho vai “minimizar as diferenças que existem na sociedade”. A professora contou, que na rotina da sala de aula, já teve de coibir comportamentos racistas. “Uma vez um aluno não queria dar a mão para o coleguinha, porque ele era negro. Qual é a diferença? É uma cor, um pigmento? “, questionou. A educadora disse que sempre recorre ao diálogo para conscientizar os alunos.
O secretário municipal de Promoção da Igualdade Racial, Maurício Pestana, que também é cartunista, diz que é preciso trabalhar para reduzir a carência de negros nos meios de comunicação e em outros postos de destaques na sociedade. “A gente sabe que, infelizmente, os meios de comunicação reproduzem muito a presença mais europeia”.
Os eventos de lançamento da série infantil têm apoio do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), das secretarias de Mulheres e Direitos Humanos e de Cultura do Distrito Federal (Semidh e Secult/DF), da Secretaria Municipal de Promoção da Igualdade Racial de São Paulo (SMPIR/SP), da Secretaria de Promoção da Igualdade (Sepromi) e do Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia (IRDEB), da Secretaria de Educação de São Luís e das secretarias de Igualdade Racial e de Educação maranhenses.
O desenho já foi lançado em Brasília e em Salvador. A série Guilhermina e Candelário será apresentada ainda em São Luís, no próximo dia 23, e na comunidade quilombola Santa Joana, no município de Itapecuru Mirim, que fica no Maranhão, no dia 24.
O desenho pode ser visto na TV Brasil de segunda a sábado, na Hora da Criança, em dois horários, das 8h15 às 12h e das 12h30 às 17h; e aos sábados das 8h15 às 12h. Serão 20 episódios, de 12 minutos cada, que contarão as aventuras de Guilhermina e Candelário.