Avaliações erradas sobre valor de imóveis incentivam especulação, prejudicam vendedores e o mercado. O trabalho deve ser feito por corretores capacitados com formação e práticas definidas em legislação.
A orientação é do empresário do setor imobiliário e Gilberto Yogui que reuniu cerca de 50 corretores na noite desta segunda-feira em Marília para uma palestra sobre as exigências legais e as formas de avaliação.
Vice-presidente do Creci (Conselho regional dos Corretores de Imóveis) em São Paulo Yogui tem quase 40 anos de carreira no setor, é um especialista em normas legais da função e um crítico do uso de imóveis como ativo de investimentos. “Isso é especulação, imóvel é moradia, é ponto de comércio, empresa. Para especular existem papéis, outras áreas de negócios”, disse.
Segundo o empresário, o perigo maior para o corretor e proprietário é jogar no mercado um imóvel com preço especulativo que emperre a venda. “As vezes o corretor vê um imóvel parado na careteira por meses, um ano e pensa: o que está errado? O erro é geralmente o preço.”
O delegado regional do Creci em Marília, Hederaldo Benetti, da HB Imóveis, elogiou a palestra, destacou a formação e experiência de Gilberto Yogui e a importância destes encontros.
“São eventos criados para trazer informação, debater o dia-a-dia da atividade, melhorar o mercado. O setor de imóveis está ligado ao crescimento da cidade, à realização de sonhos, a investimentos e quanto melhor for a capacitação de profissionais, melhor para todos”, afirmou.
MODELO DE PLANILHA
Yogui apresentou um modelo de planilha de avaliação com base na regulamentação do conselho federal para que os corretores possam chegar mais próximos da realidade. “Não é para pegar no preço que a pessoa quer, normalmente está acima do mercado e o proprietário pode achar que é o corretor que não está trabalhando. “
E o que envolve uma avaliação correta? São pelo menos seis itens:
– O corretor deve ter curso superior em gestão imobiliária/equivalente ou conclusão de curso de avaliação imobiliária.
– A avaliação deve apresentar em detalhes as medidas perimétricas, medida de superfície (área), localização e confrontações;
– Uma descrição individualizada dos acessórios e benfeitorias, se houver;
– contextualização do imóvel na vizinhança e infraestrutura disponível;
– aproveitamento econômico do imóvel;
– data da vistoria, o tempo e as variações econômicas no tempo influenciam o cálculo.
Além disso, uma avaliação completa é acompanhada por mapa de localização, certidão atualizada da matrícula no Cartório do Registro de Imóveis e um relatório fotográfico.
“Quando coloca um imóvel com preço acima do mercado esse valor só serve para vender o do vizinho que está mais barato.“
Gilberto Yogui disse ainda que apesar da retração da economia o mercado não está 100% parado. “Diminuiu, óbvio, mas há pessoas, homens mulheres, famílias que são obrigados a entrar no mercado. Corretor precisa com pouco tentar fazer muito. Um casal que separa precisa vender imóvel, comprar um ou alugar. Famílias que crescem, novos casamentos, envolvem imóveis. Então o corretor precisa fazer muito com pouco.”