As águas jurisdicionais brasileiras abrigam milhares de seres vivos, cerca de 9100 espécies de animais marinhos, que incluem desde animais com sistemas mais simples como as pequenas esponjas do mar, corais e anêmonas, até seres altamente desenvolvidos e adaptados como as baleias e os golfinhos. A grande extensão costeira do Brasil o coloca em 16º no ranking mundial, com aproximadamente 7400 km de extensão litorânea, sendo correspondidos por praias arenosas, costões rochosos, dunas, manguezais, falésias, lagoas, dentre outros.
Porém, o desenvolvimento das civilizações humanas, o aumento da atividade pesqueira e industrial, os maus hábitos, o aquecimento global e o efeito estufa degradam este ecossistema rico em vida e belezas naturais, resultando em alterações dos padrões basais da água o que gera desequilíbrio ambiental e consequentemente danos aos animais.
O médico veterinário possui grande importância na conservação dos animais marinhos, atuando junto a profissionais de biologia, ecologia, engenharia ambiental, zootecnia, oceanografia, dentre outros. Realizam-se programas preventivos como a educação ambiental, sensibilizando e educando a população a sempre escolher ser amigo do meio ambiente, preservar o ambiente marinho e viver de forma mais sustentável, mostrando os benefícios de cada ação para o planeta. A educação ambiental pode ser realizada de várias formas, através de palestras, músicas, gincanas, cartazes, etc., dependendo sempre do público alvo que se quer atingir.
Os centros de reabilitação de animais marinhos são destinados ao resgate, tratamento e devolução desses animais para o ambiente. O resgate de um animal marinho ocorre quando se percebe comportamento incomum do mesmo, sendo muitos deles encontrados encalhados na faixa de areia das praias. O animal é resgatado por profissionais da área e são encaminhados para centros de reabilitação, onde obrigatoriamente possui um médico veterinário como responsável técnico.
O animal recebe os primeiros socorros do médico veterinário, o qual institui o tratamento adequado e inicia-se protocolo de reabilitação. Após o término do tratamento, o médico veterinário avalia a viabilidade de o animal voltar à vida livre, que, quando viável é solto ao mar, o mais próximo de onde foi encontrado, ou de acordo com a migração dos demais de sua espécie.
O profissional médico veterinário, bem como o estudante de medicina veterinária, podem atuar como pesquisadores, com destaque ao comportamento animal, visto ser imprescindível conhecer essa característica fisiológica de cada indivíduo, tecnologias terapêuticas aplicada, além de novas metodologias de conservação e/ou preservação dos animais e ambientes marinhos, dentre outros. Esta especialidade abre portas para iniciação científica na graduação e pós-graduação, colaborando assim com o fomento da pesquisa no país, que se encontra carente nessa área.
Enfim, o médico veterinário acrescenta a outras profissões esta enorme responsabilidade de atuar na saúde animal e ambiental do ecossistema marinho, havendo diversos campos de atuação neste meio, sendo inclusive de ordem privativa a garantia da sanidade dos animais aplicando-se medidas profiláticas e terapêuticas, proporcionando acima de tudo o bem-estar animal e contribuindo com a sustentabilidade e preservação do meio marinho.
Matheus Alves Moreira – Acadêmico do curso de Medicina Veterinária da Universidade de Marília, Presidente do Grupo de Estudo em Animais Selvagens.
Prof. Dr. Fábio Fernando Ribeiro Manhoso – Coordenador e Docente do curso de Medicina Veterinária da Universidade de Marília.