Atualmente, uma das queixas mais comuns no consultório do neurologista infantil refere-se às crianças que, por algum motivo, não conseguem aprender. O aprendizado move o indivíduo em direção ao desenvolvimento intelectual, criativo e produtivo, levando-o a se tornar um vencedor, pois amplia as suas possibilidades de crescimento.
O distúrbio de aprendizagem é um transtorno que se manifesta por dificuldades na aquisição da escrita, leitura, raciocínio ou habilidade matemática sempre relacionado a uma disfunção neurológica. Já a dificuldade escolar está vinculada a outros problemas que podem ser de origem acadêmica, motivacional, emocional ou ambiental.
Os distúrbios de aprendizagem são mais frequentes em meninos do que em meninas. A anamnese de um paciente com baixo rendimento escolar deve ser o mais minucioso possível e deverá incluir: dados gestacionais (averiguar se a mãe realizou o pré-natal corretamente e se teve algumas intercorrências como por exemplo: hipertensão arterial, sangramentos, infecções, anemia, uso de álcool ou fumo/drogas). Assim como dados no período do nascimento (tempo de gestação: foi prematuro? Nasceu depois do tempo programado? Nasceu bem ou demorou para chorar. Apresentou alguma intercorrência: icterícia, infecções, convulsões). Após essas questões faz-se importante a avaliação do desenvolvimento da criança principalmente até os dois anos de vida. Se a criança sustentou o pescoço até os três meses e meio de idade, se ela se sentou até os cinco meses com apoio e até os sete meses sem apoio. Data que a criança deu os primeiros passos, quando começou a falar as primeiras palavras e quando formou frases.
Após uma detalhada anamnese partimos para a investigação de causas. Deverão ser avaliados: acuidade visual, acuidade auditiva, quociente intelectual, emocional, ambiente familiar, situação afetiva, análise do processo acadêmico (se não ocorreu a alfabetização precoce- tão prejudicial para o processo normal). Após essa avaliação global, iniciamos a investigação a respeito de transtornos que podem prejudicar o processo de ensino- alfabetização como, por exemplo: epilepsia ausência, TDAH – transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, ansiedade, dislexia (dificuldade específica na leitura, escrita e soletração), acalculia (problemas relacionados com a matemática), disgrafia etc….
Após toda essa avaliação, o neurologista pediátrico deverá participar das investigações das profissionais envolvidos: psicólogo, psicopedagoga, fonoaudióloga e terapeuta ocupacional. Toda essa equipe é necessária e imprescindível para o tratamento e acompanhamento da criança com distúrbio de aprendizagem, assim como a família da criança e a escola deverão estar de acordo e dispostos a cooperar com os profissionais.
Dra Cristiane Bazzo da Costa Silva CRM 102.034
Formada pela Faculdade de Medicina de Petrópolis/RJ
Residência de Pediatria pela FAMEMA
Residência de Neurologia Infantil pela UNESP-Botucatu
Docente da UNIMAR
Consultório- Clínica Piaget