Educação

Economia e Política se discutem sim!

Economia e Política se discutem sim!

Por várias vezes ouvi a máxima que “Futebol, Religião e Política não se discutem”. Confesso que tal afirmação sempre me incomodou, não pretendo que os leitores mudem de ideia, mas sim, discutir a importância do atual momento na política para a retomada do crescimento e melhoria da economia.

Discutir ou não futebol pode ser uma posição pessoal, até mesmo relacionada a gostar ou não de tal esporte; apesar de ser um assunto que particularmente não domino, fico impressionada como os amantes do esporte conhecem tantos dados estatísticos. Quantas vezes o time ganhou do rival em estádio próprio, quantas vezes ganhou no estádio (agora no novo vocabulário: arena) rival e tantas outras informações que são usadas para dar vazão aos debates infindáveis e posições pessoais. Confesso certa inveja dos colegas que dominam todos estes dados históricos de uma forma tão clara, queria ter o mesmo domínio sobre todos dados econômicos.

No que se refere à religião, e o brasileiro é bastante religioso, as discussões não são bem-vindas quando as pessoas sentem sua religião criticada de forma a não garantir suas crenças e a laicidade do Estado brasileiro, por mais que a discussão, de forma histórica e científica parecem-me fundamental para compreender questões mundiais relacionadas a determinados conflitos e questões culturais.

Quanto à política, esta se discute sim! Não aquela política ideológica que ignora fatos e dados em funções de posturas pessoais e partidárias, mas a política que é necessária para que haja um bom funcionamento do sistema democrático brasileiro.

A mudança de variáveis relacionadas ao crescimento econômico, desenvolvimento social, emprego e outras, já em 2014 fez com que o debate para a eleição presidencial tenha sido bastante intenso e exaltado.

Se não foi a inauguração do “ódio político na internet”, pode-se dizer que as posições, e até mesmo o humor que circulam nas redes sociais  parecem ter se exaltado muito, além de ocorrer uma polarização quase que como um duelo de futebol, mas nesse caso com consequências muito maiores.

Não é este debate do ódio virtual que devemos defender, mas o debate que analisa dados e medidas tomadas; o debate que compreende que a fragilidade política partidária e  a dificuldade nas relações têm interferido de forma decisiva na economia.

Em 2015 tivemos queda do Produto Interno Bruto – PIB, queda do emprego, com o maior aumento do desemprego na indústria desde que se iniciou a série histórica calculada pelo IBGE (2002) e aumento na inflação. Todos estes indicadores levaram também à queda de popularidade da Presidente Dilma Rousseff em relação ao primeiro mandato.

Assim, se o cenário político dificulta olharmos para reforma fiscal e monetária necessárias, temos que discutir muito política! Que venham muitas discussões e debates!

Profa. Dra. Marisa Rossignoli. Mestre em Economia Política. Docente do Programa de Mestrado em Direito da Universidade de Marília.