Educação

MARÍLIA - Professora tem 72h para ser única do Estado em curso de física na Suíça; falta verba

Acelerador de partículas em genebra; professora de Marília pode chegar lá
Acelerador de partículas em genebra; professora de Marília pode chegar lá

A professora Daniela Pavarini Rojas, da escola Benito Martinelli em um bairro popular da zona norte de Marília, tem 72 horas para conseguir patrocínio e ser a única do Estado em um programa que vai levar educadores a encontro de física em Lisboa e Genebra.

O programa inclui visita ao CERN (Conseil Européen pour la Recherche Nucleare) responsável pelo acelerador de partículas que estuda a reprodução dos efeitos que deram origem ao Big Bang, reação física que teria dado origem ao universo.

É o segundo mais importante centro de pesquisa nuclear do mundo, perde apenas para a Nasa, e seu trabalho já rendeu sete prêmios Nobel.

Para chegar até a lista final de classificados, Daniela Rojas atravessou um processo burocrático e exigente de qualificação e seleção. Ela conseguiu a vaga depois que alunos da escola de periferia passaram pela Olimpíada de Física.

Durante todo o processo, a previsão era que a Capes (Coordenação de Aproveitamento de Pessoal de Nível Superior), um órgão federal de fomento de pesquisas, iria financiar a viagem, orçada em algo perto de R$ 10 mil.

“Mas o governo cortou. Nesta segunda recebi a nota de esclarecimento de que terei que ir com recursos próprios. E tenho até o dia 2 para confirmar participação”, explicou a professora na noite de ontem (29). Ela e amigos iniciaram uma campanha para encontrar patrocinadores para o projeto.

O investimento pode inclusive ser contabilizado como programa de incentivo à educação e abatido no imposto de renda de empresas.

“Comecei com uma triagem louca. Meus alunos de escola estadual passaram nas olimpíadas de física. Fui convidada a participar da seleção, passei em todos os critérios e estava esperando o recurso da Capes.”

Promovido pela Sociedade Brasileira de Física, o programa da viagem é chamado de Escola de Física Cern 2015 e envolve atividades em Lisboa e Genebra, onde ficar o acelerador de partículas.

A mensagem da entidade para a professora informa o corte de repasses da Capes e abre prazo até 12h de quinta-feira (2) para que ela responda oficialmente se terá os recursos próprios para a viagem.

“Posso ser a única professora do Estado de São Paulo a conhecer os maiores laboratórios, detalhes do projeto das partículas de aceleração, a famosa “partícula de Deus”, viajar com os cientistas com três prêmios Nobel”, explica a professora.

O Cern envolve 20 países, perto de 2.400 funcionários, 11 mil pesquisadores de 580 universidades de todo o mundo. Desenvolve pesquisa para reproduzir em laboratório reação física para formação da chamada Partícula de Higgs, batizada com nome do cientista que formulou a hipótese pela primeira vez na década de 60.

Seria uma partícula capaz de agregar outras e pela união de partículas produzir matéria, ou seja, criar, e por isso acabou chamada também de “Partícula de Deus”.