O termo “dispersão” pode ser definido como a separação de algo para diferentes lugares ou direções. Este, atualmente, é um fenômeno recorrente nas cidades em todo o mundo, resultante dos processos de expansão urbana. Alguns estudiosos das cidades brasileiras, ao analisarem o contrassenso entre centros históricos populosos e periferias rarefeitas, isto é, a verticalização acentuada versus os bairros com baixas densidades (figura 1),apontam críticas ao crescimento desordenado do espaço urbano.
Fig. 1: Desequilíbrio nas cidades
Fonte: CAMPOS FILHO (1999), p.102
Esse desequilíbrio pode ocasionar,nas regiões mais adensadas, congestionamentos viários e nas redes de abastecimento de água, coleta de esgotos, energia elétrica, em contraposição à infraestrutura subutilizada nas áreas pouco habitadas. É importante destacar ainda que o fenômeno da dispersão de novos bairros, principalmente em cidades de médio e grande porte, pode gerar novas necessidades aos moradores quese distanciam dos centros que oferecem comércio e serviços, com uma vitalidade ímpar.
Nestor Goulart Reis Filho, em 2006, publicou significativos estudos sobrea Urbanização Dispersa em torno de cidades como São Paulo, no vale do Paraíba e na Baixada Santista, os quais identificaram vetores de crescimento com uso habitacional, setores empresariais, indústrias, entre outras atividades. Esta dispersão, segundo o autor, foi consequência do aumento abundante da população urbana no país, assim como ocorreram a formação de regiões metropolitanas e a verticalização e congestionamento de áreas já urbanizadas.
Também hoje, é possível identificar esse tipo de espraiamento do tecido urbano em muitas outras cidades no Estado de São Paulo, por diferentesrazões, como: a busca por regiões menos ruidosas ou o contato com a natureza ainda preservada.
Não cabe avaliar em que medida esses processos são positivos ou acarretam problemas, mas, sim, reconhecer que novas “pequenas células” tendem a se espalhar na expansão dessas cidades. Consequentemente, é oportuno refletir sobre esse contexto em que pessoas e veículos se deslocarão em percursos crescentes, buscando se conectar às regiões centrais para suas tarefas de rotina.
Uma alternativa para essas questões são os centros de bairros, locais que abastecem a população com itens convenientes e de primeiras necessidades, inclusive, com espaços promotores do convívio entre os cidadãos. Para “apimentar” ainda mais este ensaio, basta considerar os impactos que a tecnologia tem trazido às relações sociais, o que irá reconfigurar ainda mais o elo entre o homem e a cidade. Se “dispersar” pode representar afastamento, que se firmem, então, as ferramentas de aproximação entre pessoas e bairros.
Profa. Dra. Danila Martins de Alencar Battaus
Arquiteta e Urbanista