Educação

Uso do mobiliário urbano com o desenho universal

O estudo de Arquitetura e Urbanismo abrange o entendimento de estruturação do espaço enquanto interferência humana em seu ambiente em vários níveis. Desde a construção dos edifícios que é o mais comumente encontrado, até nas relações que o indivíduo constitui com o conjunto de edifícios, no seu interior e exterior, e a paisagem; ou o entorno de determinado espaço construído. Por ser disciplina de grande abrangência, os vários nichos de estudo e projeto, as interfaces de possíveis usos dos edifícios e a cidade tornam a profissão tão interessante.

Os lugares de uso comum das cidades, aqueles em que as pessoas transitam, passeiam, exercem atividades ao ar livre e, portanto, propiciam a interação entre grupos de pessoas numa atividade de possível encontro e participação, são os que têm por princípio uma concepção de melhoria na qualidade de vida destas pessoas. As praças são o grande exemplo destes lugares importantes para a vida saudável e democrática no uso dos espaços públicos das cidades.

O termo “mobiliário urbano”, segundo a legislação brasileira, é definido como “conjunto de objetos presentes nas vias e espaços públicos, superpostos ou adicionados aos elementos de urbanização ou da edificação” (BRASIL, 2000) o que nos remete imediatamente a todos os objetos dispostos em nossa cidade, como: abrigos de ônibus, semáforos, postes, lixeiras, bancos, painéis, relógio, quiosques. Esses objetos são direcionados à comodidade dos usuários e, em especial, dos pedestres que frequentam diariamente esses espaços urbanos, seja no trabalho ou no lazer, e assim, se deparam com barreiras limitadoras por possuírem características diferenciadas, seja por sua idade, físico, deficiência (definitiva ou temporária), etc.

Montenegro (2005) afirma que o mobiliário urbano “compõe o ambiente no qual está inserido e faz parte do desenho urbano das cidades, interagindo com seus usuários e com o contexto sócio cultural e ambiental”. Pensando nessa descrição e analisando o espaço em que estamos inseridos, esses objetos são comuns e é de extrema importância que sejam acessíveis e promovam a inclusão das pessoas. Um dos exemplos de espaços que se destacam em nossa cidade é a região da Avenida das Esmeraldas, já que ele tem diversidade de usos: fluxo de pedestres, lazer, espaço para atividades físicas, comércio e pontos sociais. Podemos observar na avenida o uso dos equipamentos feito por um grande número de idosos, ainda que nosso design não priorize esta inclusão na pluralidade de cidadãos.

Imagine, portanto, um objeto que possa ser utilizado por todos promovendo a inclusão de qualquer pessoa? Isso é possível com a utilização de outro conceito importante, o “desenho universal” ou “design para todos” que é o incremento que pode ser utilizado no desenho dos mobiliários urbanos capaz de transformar e democratizar a vida das pessoas. A democratização não significa igualar as pessoas, mas exatamente oferecer oportunidades que atinjam as diversidades de cada ser humano, num alcance de maior número possível de usuários.

Que grande evolução para a qualidade do espaço seria deparar com os objetos que além do uso de idosos, pudessem atender às necessidades de deficientes ou obesos, por exemplo, não é mesmo? Já temos incríveis exemplos fora do país nos quais podemos nos inspirar. Podemos citar o conjunto nomeado como “Pop-ups” que foi instalado na cidade de Utrect, na Holanda, que podem ser dispostos de acordo com as necessidades de cada usuário.


Figura 1 O mobiliário urbano fica preso no chão e pode ser bombeado para fora com a altura
Fonte:http://www.portobello.com.br/blog/pop-up-um-mobiliario-urbano-inteligente/

Mesmo sem a tecnologia e recursos dos países mais desenvolvidos, certamente com criatividade e incentivo à participação das pessoas, podemos transformar nosso espaço de uso comum na nossa cidade. Os lugares que têm reconhecimento de qualidade dos cidadãos são aqueles mais cuidados pelos frequentadores. Quando os espaços públicos pertencem de fato ao uso e não excluem determinados grupos sociais eles são valorizados e preservados pela comunidade. As intervenções, mesmo que em lugares específicos, podem trazer para a cidade como um todo melhor qualidade de vida, e esta é a contribuição da arquitetura e urbanismo para o cotidiano das pessoas.

Profa Ms Sônia C. B. Moraes – Arquiteta e Urbanista pela PUC Campinas, Mestre pela UNESP, Professora do Curso de Arquitetura e Urbanismo da UNIMAR, sócia do Escritório de Arquitetura ARQMOAL: [email protected]

Danielle Medina – Graduanda do curso da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UNIMAR. Bolsista do Programa Institucional de Iniciação Científica – PIIC/UNIMAR.