Marília

A gripe, a vacina e as justificativas

A gripe, a vacina e as justificativas

Toda a divulgação oficial da campanha de vacinação contra a gripe, encerrada na terça-feira revela uma preocupação da prefeitura de Marília em defender-se da fata de proteção aos moradores: o material deixa claro que o grupo a ser vacinado é estabelecido pelo Ministério da Saúde.

Assim, em tese, se a população está desprotegida, o problema não é da cidade, certo? Errado.

A verdade é que a Prefeitura não quis gastar com vacina dinheiro que pode gastar com publicidade e agora com show de uma dupla de músicos responsável pelos jingles de campanha eleitoral do grupo.

Ficar parada esperando a campanha nacional e o governo do estado mandarem vacina foi outro ato de “deixa como está para ver como fica”. A cidade ainda conta os mortos, mais uma vez acumulou problemas de economiza, bem-estar e tranquilidade por questões de saúde – assim como havia feito na epidemia de dengue – e a administração mais uma vez poderia ter feito mais.

E não se trata de discurso político. Partiu de um juiz federal a luz sobre este caso, que a prefeitura de Marília não viu ou fez questão de ignorar. Vamos à lição do juiz Alexandre Sormani, da 1ª Vara Federal, em ordem que determinou antecipação da vacinação em Quintana:

Por força das situações emergenciais, em especial quanto a um direito tão relevante como o direito à saúde, justificadas pela situação que enfrenta o município cumpre-se determinar a antecipação da vacinação”… “Caso o município entenda, de fato, que a situação de sua população justifique a vacinação fora dos critérios técnicos estabelecidos no Programa Nacional, poderá por sua conta valer-se de sua competência administrativa para imunizar os excluídos do programa”

O que acontece é que a prefeitura de Marília nem entendeu que fosse relevante antecipar e também não entendeu que a situação da população justificava vacinar. Não comprou vacina, gastou com a publicidade, o show…

Ainda a oposição

A última coluna tratou da presença – aliás, da falta de – da oposição ao prefeito Vinícius Camarinha nas ruas e em organização para mostrar alternativas aos moradores. Ainda que a ideia esteja firme e forte como foi colocada, necessário fazer alguns adendos.

A oposição tem manifestações isoladas que valem ser citadas e lembradas: os três vereadores independentes – Wilson Damasceno, Cícero do Ceasa e Mário Coraíni – fazem o que podem na Câmara e podem pouco por causa do rolo compressor oficial.

Alguns pensadores, lideranças, analistas – e aqui forçoso citar (por questão de uma manifestação direta dele) o professor Marcelo Fernandes, da Unesp – também acumulam momentos importantes de resistência, enfrentam perseguições e ataques de todos os níveis.

Perseguições, aliás, que se tornam cada vez maiores e abobadas com a aproximação da eleição.

Mas a verdade é que a prefeitura está na rua de forma permanente. De inofensivas exibições de filmes com pipoca grátis em bairros aos gastos com publicidade e o pacote de promessas represadas para o ano eleitoral, a prefeitura está diretamente na rua e junto aos moradores.

Os buracos, os postos de saúde com filas ou sem remédios – e sem vacinas -, as incoerências dos gastos públicos, também estão lá. A oposição não está na rua. E não está nem unida.

Greve dos servidores, diferentes atos públicos, todas as sessões da Câmara, feiras, concentrações de finais de semana, eventos culturais não oficiais foram alguns dos momentos em que a oposição poderia estar em bloco, conversar com o cidadão, mostrar coesão.

Não mostrou.

Quem, apanha da administração sofre sozinho e precisa se virar para achar os meios de se defender ou manifestar.

E isso tem uma explicação: cada um que quer ser candidato espera que o outro se desgaste um pouco mais e a vaga sobre de forma mais tranquila> A administração agradece.

Não faço questão de ver a oposição melhor ou pior, assim como não muda nenhuma de minhas manhãs saber se a administração tem mais ou menos popularidade.

Mas acho que um debate mais madura, uma postura de maior atenção aos interesses coletivos cabe bem a todos os lados desta moeda.