Marília

A importância dos pequenos rituais

A importância dos pequenos rituais

“Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede um pouco mais de alma
A vida não para
Enquanto o tempo acelera e pede pressa
Eu me recuso faço hora vou na valsa
A vida é tão rara(…)”

Música: Paciência
Intérprete: Lenine
Composição: Carlos Eduardo Carneiro De Albuquerque Falcão e Lenine

Ritual é palavra que deriva do latim Ritualis, que é relativo a cerimônias religiosas e Ritus, relativo a rito, usos e costumes. Ainda que comumente essa palavra seja relacionada a religiosidade, não é apenas nessas ocasiões e sentidos que ele pode ser vivenciado. O sentido que irei usar aqui é o de usos e costumes, são aqueles momentos consigo mesmo que trazem um descanso, nutrição e presença para a alma.

Quais são seus rituais diários? Tomar um café da manhã demorado nos dias de folga, tomar um banho demorado depois que todo mundo foi dormir, aproveitar o sono das crianças para assistir um capítulo da série favorita do momento, cuidar das plantas, brincar com os bichos, ler histórias junto com as crianças, tomar um vinho na sexta-feira com o companheiro ou companheira e/ou até mesmo sozinho, ler um livro, aproveitar os momentos de solitude para tomar um chá, enfim, tem inúmeras formas de ritualizar hábitos, gostos pessoais e momentos do dia a dia.

O ritual é em si uma ocasião em que por algumas horas um grupo de pessoas de determinada religião, doutrina e/ou cultura vai vivenciar momentos de conexão, pertencimento, encontro com sentidos e valores em comum. Se propor a pequenos e singelos rituais diários consigo mesmo é uma forma de conexão, pertencimento e encontro com o que é importante para si, contribuindo no autocuidado, na saúde mental, na organização mental, na preservação do que é valoroso para si, permite que o automatismo e o cansaço da rotina não tomem conta, possibilita pequenos e importantes momentos de prazer cotidianos, amplia a intimidade consigo, promove autoconhecimento, entre outras coisas.

Ao aderirmos aos rituais diários vamos adquirindo nutrição e estrutura interna, pois nas fases mais desafiadoras e difíceis são esses momentos de conexão, presença e pertencimento que darão contorno ao caos, nos lembrando do que é importante e valioso para nós, do que faz sentido, nos ajuda a não perder de vista que mesmo nos dias mais instáveis algo significativo permanece, convoca estabilidade em meio a instabilidade.

Desanuviar, desaguar um pouquinho, afinar os sentidos, segurar nas mãos de alguém, experimentar algo novo, acolher os descaminhos, escutar o céu, tomar um café demorado, abrir clareiras na alma, escutar os arrepios da pele, intuir e semear, desnudar os pés, contemplar, alegrar-se com as pequenuras e coisas comuns, gargalhar nos encontros simples, não esperar tanto da vida, ir gostando mais de si mesmo, dos próprios desencontros, fluir com contorno, deixar-se na presença, sentir, seguir sendo quem se é. Hoje te convido a refletir quais rituais fazem sentido para você?