Marília

“A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira”

“A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira”

A repercussão do tema da redação do ENEM 2015, realizado nos dias 24 e 25 de outubro gerou muita polêmica: “a persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira”. Bom, o tema da redação é um assunto de extrema importância no nosso contexto atual, vindo de muita repressão contra o movimento de mulheres e feministas, onde esse assunto é fortemente discutido dentro do movimento diariamente.

E o tema se tornou bem relevante já que durante a semana aconteceu uma campanha no twitter #PrimeiroAssédio que foi lançado por homens para rebater as ideias de mulheres que vem denunciando casos de assedio sexual sofridos pelas ruas do país, na hastag eles se gabão de terem já cometido assedio contra mulheres, como um ato honroso que valorizasse cada vez mais o ser ego ( aqui não citarei exemplos por ser forte demais para que algumas pessoas).

Em contrapartida as mulheres que já sofreram assédio se revoltaram e passaram a utilizar a hastag como forma de denuncia aos assédios que já foram cometidos e aos  que acontecem hoje, utilizando-se como desabafo da humilhação que é passar por uma situação dessa, principalmente quando ocorre na infância, isso traz danos para toda vida. E se deparar com uma hastag dessa é de se abalar mesmo. Brincar com coisa séria não se faz tentar ridicularizar um ato que para o outro é abusivo para que se possa continuar perpetuando essa ideia que toda mulher gosta de elogio: elogio não é assediar, não é um fiu-fiu na rua, elogiar é outra coisa, vem de educação, assédio é nada mais nada menos que mais uma forma de violência contra mulher, que durante o dia passa por esse tormento ao caminhar pela rua, ou em qualquer outro lugar.

E pensar que um tema de tal relevância foi alvo de criticas como sendo ideologia do feminismo, ideologia de esquerda tendo minimizar o assunto, de banaliza-lo mostra como é importante sim discutir e falar sobre isso, pois segundo dados do IBGE a cada 11 minutos uma mulher é estuprada no Brasil. 11 MINUTOS… Imagina que a cada segundo uma mulher é assediada! E que todos os dias mulheres morrem em decorrência de violência vinda de maridos, namorados ou até pais/padrastos.

Ou seja, será que falar que a mulher está se vitimizando falando da violência contra ela?  Será que expor esses casos é errado, e que apontar onde está a raiz desse caos também?

Se analisarmos de onde vem esse problema, veremos que vem devido a estrutura patriarcal que a sociedade é estruturada, vem da construção social que homens são superiores a mulheres, e que essas devem respeito e obediência, que a mulher é o sexo frágil.

Pensar que essa estrutura mata mulheres há anos é horripilando, ainda mais estudando um pouco mais e vendo que desde 1800 mulheres vem tentando mudar essa realidade, e que muitas delas morreram em prol de sua luta por igualdade e respeito, mas que deixaram seu legado, que vem se dissipando através do tempo, e onde hoje vemos que a luta tem voz, tem mais acessibilidade, e até leis que protege as mulheres em sua luta, já que sabemos bem o porquê que a violência da contra a mulher persiste: o feminismo mostra que é devido a essa estrutura patriarcal.

Os dados sociais estão aí para comprovar que as diferenças estabelecidas pelo patriarcalismo ainda existe, e que por falar diretamente disso, muitas mulheres sofrem repressão, e ainda ter que ouvir que é tudo exagero, que é vitimismo!

Falar que a mulher tem que criar consciência para viver em sociedade é fácil, mas ser mulher na sociedade brasileira não é uma tarefa fácil, é enfrentar uma barreira a cada instante, é passar a ter consciência da própria condição de vida e não compactuar com isso é combater essa ideia se desigualdade de gênero, é se emancipar e romper com o patriacarlismo normativo.

Quando ouvimos tantos relatos negativos quanto ao tema da redação vem daí, do patriarcado que não quer sair da sua zona de conforto, que quer manter seus privilégios sociais, vemos aí uma estrutura passada, que está em pleno retrocesso.

O ENEM 2015 cumpriu com sua função social que é fazer com que jovens reflitam sobre esse assunto, que eles revejam suas ideias, que eles compreendem que desse modo está insustentável, que assim tem gente morrendo! É necessário que seja combatido o patriarcalismo, e isso se dá no dia-a-dia e nos pequenos gestos. Lembre-se chega de fiu-fiu, isso não é elogio, isso é crime! É VIOLENCIA CONTRA A MULHER !