O prefeito de Marília, Daniel Alonso, foi alvo de seis ações de improbidade em 30 dias. Pode ser absolvido em todas, pode ser condenado em todas, o que só será conhecido em muitos anos – pelo menos seis para seguir a média nacional. O prefeito Daniel apresentou como resposta acusação de perseguição do promotor que assina as seis ações.
A Prefeitura é alvo de investigação em mais umas poucas dezenas de inquéritos civis que podem provocar novas ações. É também alvo de algumas outras ações civis públicas. Não há respostas oficiais sobre isso.
Daniel Alonso encontrou a cidade sem coleta de lixo. Usou R$ 1 milhão do fundo de transportes – que deveria financiar melhoria da estrutura, pontos, abrigos, investimentos no setor de transporte urbano – para tirar lixo da rua.
Dois anos depois, a cidade tem lixo em todos os bairros, a estrutura ampliada em 2017 parece não dar conta do serviço, há um imbróglio administrativo com contratos em vigor, uma dívida ampliada com a mesma empresa de 2016 e a previsão de uma nova licitação para uma nova empresa.
A Prefeitura vai dar um jeito de tirar o lixo da rua, a principal indicação é a contratação de emergência de uma nova empresa e o encaminhamento vai varrer para baixo do tapete o lixo financeiro que a administração herdou, que será jogado pra frente na forma de uma ação com cobrança milionária.
Daniel e centro de apoio – cada vez mais fechado e reduzido – culpam essa herança pela crise, embora a cobrança seja feita sobre a cidade e o aumento da dívida transforma os 235 mil marilienses em cidadãos mais endividados.
A gestão de Daniel Alonso não fez – ou não tornou pública – qualquer auditoria que mostrasse de forma clara como e quanto a administração anterior deixou de rombo em cada setor. Não adotou nenhuma medida prática para responsabilizar os antigos gestores ou cobrar deles essa dívida.
Daniel Alonso tentou fazer às pressas uma contratação de radares com uma licitação polêmica do ex-prefeito, que o assessor mais próximo de Daniel Alonso, o chefe de gabinete, Márcio Spósito, havia revogado.
A justificativa técnica foi o ‘princípio da continuidade’ na administração, um prefeito segue o que outro fez. Vale no radar pra lá de suspeito e não vale na questão do lixo.
A administração mentiu – ou divulgou uma ‘meia-verdade’, se você prefere termos mais amenos, sobre orientação do Ministério Público para justificar a contratação dos radares. O promotor pediu radares em uma avenida com rachas, Daniel aproveitou para retomar a licitação suspeita, que acabou suspensa pela Justiça em Marília e no Tribunal de Justiça.
Daniel Alonso aparece como o pai de grandes iniciativas que envolvem a prefeitura: “Daniel conquista”, “Daniel destrava”, “Daniel consegue”, “Daniel anuncia” são alguns dos termos para apresentar atos oficiais.
Quando a cidade perdeu oito toneladas de carne da merenda de crianças, quando um ato oficial proibiu catadores de receber doações de Natal, quando a prefeitura provocou o STF para cortar vale alimentação de aposentados não foi Daniel, alguém fez.
A secretaria de cultura interrompeu projetos permanentes durante o ano por falta de recursos, depois de anunciar no início do ano em encontro com artistas que o orçamento não permitiria grandes projetos. Várias medidas foram contidas sob a justificativa de falta de dinheiro, que vão do reajuste no índice de inflação para salário de servidores, promoções de incentivo ao comércio ao desfile de 7 de setembro.
A cidade terá um grande show de artistas com fama nacional na ‘festa do IPTU’, que a prefeitura incrementou com pressão fiscal e judicial histórica.
Daniel e seu grupo são a luz, como o próprio prefeito definiu.
Daniel nomeia um assessor para dois cargos, de forma cumulativa, incluindo uma atribuição que a Justiça considerou ilegal. Não recebeu a notificação oficial, então tanto faz se o prefeito sabe ou não que o cargo é ilegal.
Daniel perdeu o apoio de pelo sete dos grupos ou lideranças que fizeram com ele a frente que permitiu a Daniel ser prefeito.
A cidade fica cada vez mais parecida com o passado que Daniel combateu tanto.