Marília

Acordo salarial do comércio emperra e vira polêmica

Acordo salarial do comércio emperra e vira polêmica

Dois meses de impasse em negociação e uma polêmica com duas novas propostas de acordo salarial podem levar para a Justiça a campanha salarial do comércio de Marília em 2015.

A discussão emperrou e o próximo encontro já será feito com intervenção do Ministério do Trabalho, no dia 12.

A última polêmica é discussão de propostas do Sindicato do Comércio Varejista em que os comerciantes oferecem duas opções: 1 –aplicar reajuste de 9,88% a partir de novembro e esquecer a data base, o que tira dos comerciários reajustes de setembro e outubro; 2 – aplicar reajuste retroativo à 1º de setembro, mas parcelar pagamento: 60% agora e 40% em março.

Entre as justificativas, o sindicato patronal fala em crise e ameaça de cortes, como de empregados temporários. Nas contas do Sindicato dos Empregados no Comércio, os comerciários perdem muito nos dois casos.

 

“Os empresários estão preocupados com o pagamento dos seus fornecedores, salários, encargos sociais e tributos. Com queda nas vendas, falta de confiança na economia e previsão de piora nos resultados até dezembro, os empresários tendem a evitar aumento de custos trabalhistas”, disse o empresário Pedro Pavão, em nota distribuída aos jornalistas nesta sexta.

Segundo Pavão, caso não haja acordo até o dia 30 deste mês, estará encerrada negociação e a Convenção Coletiva do Trabalho da cidade de Marília será congelada até agosto de 2016. “O atraso na assinatura da convenção traz graves prejuízos aos comerciários, comerciantes e aos contabilistas de nossa cidade”, destaca Pedro Pavão.

O representante dos comerciantes traça um cenário sombrio para o setor.”A situação irá se agravar caso as perspectivas permaneçam negativas no que diz respeito a vendas, havendo possibilidade de demissões no início do próximo ano. O resultado é um gigantesco salto na inflação com todas suas consequências, como perda real do poder aquisitivo dos salários e sérios problemas para a cadeia produtiva nacional..” 

EMPREGADOS

O presidente do Sindicato dos Empregados no Comércio, Mário Herrera, acusou falta de informações no Sindicato Patronal e diz que sem acordo vai à Justiça em dissídio trabalhista.

Caso isso aconteça, a ação deverá incluir pedido de benefícios que outras categorias têm e são negados aos comerciários, como planos de saúde, auxilio alimentação, participação nos lucros, vale refeição ou cesta básica.

“Querem transformar a data base em 14 meses. O que acontece na negociação em Marília neste ano é degradante. Não posso aceitar e vou a dissídio. E depois que estiver na Justiça não volto atrás. Vou querer tudo o que o juiz mandar, nem que tenha que ir para a porta de loja por loja até pagarem”, disse Mário Herrera.

Segundo o sindicalista, a ameaça de congelar a convenção é uma ‘balela’. “A súmula do TST é clara: só congelam as cláusulas sociais benéficas. O resto fica sob judicie, ou seja, será definido perla Justiça a qualquer tempo E aí eu vou pedir todos os direitos trabalhistas que hoje os comerciários não têm.” Para Mário Herrera, as propostas tratam comerciários apenas como números e ignoram as famílias e as vidas por trás de cada emprego.

“O que está acontecendo é a politização da data base e isso não vamos permitir.  A Folha de S.Paulo de hoje mostra que crise não freia crescimento das grandes redes, que abriram mais lojas e fecharam menos que em 2014. Estão querendo criar uma crise que não tem. E se a inflação atinge as lojas, os produtos tiveram reajuste. E o trabalhador que está há 14 meses com inflação, aumento de luz, de combustíveis e não tem reajuste nenhum?”