Marília

Adunesp divulga nota contra “invasão policial” da Unesp em Marilia

Adunesp divulga nota contra “invasão policial” da Unesp em Marilia

A Adunesp, associação dos professores da Unesp, divulgou nota na tarde desta quarta-feira para repudiar o que chama de invasão policial no campus de Marília depois que uma viatura da polícia foi envolvida em tumulto com alunos, servidores e docentes.

Segundo a nota, os policiais insultaram docentes e destruíram cartazes no que a associação considera uma atitude “intimidatória” e “autoritária” dos policiais.

A viatura entrou no campus enquanto estudantes faziam uma assembleia. Segundo a PM, as rondas foram pedidas pela própria instituição em virtude de denúncias de roubos nas imediações.

Não existe qualquer impedimento legal para que as viaturas circulem pelas ruas do campus. Ainda assim, a presença de policiais em universidades, especialmente durante manifestações, é tradicionalmente apontada como uma forma de intimidar liberdade de expressão e protestos de alunos e docentes

O 9º Batalhão de Polícia Militar do Interior, responsável pelo patrulhamento na cidade, divulgou que “houve questionamento por parte de um pequeno grupo de alunos sobre a presença da viatura policial, sendo um grupo de cerca de 20 pessoas, que proferiam algumas palavras de ordem e se aproximaram da equipe”.

Segundo batalhão, “houve solicitação prévia de policiamento preventivo pela Direção da Universidade, devido a alguns registros de roubos a estudantes nas imediações e à presença de pessoas estranhas ao ambiente escolar, possivelmente relacionadas ao tráfico de entorpecente”.

Segundo a PM, o ato foi isolado, rápido e não houve qualquer dano ou agressão por parte de nenhum dos envolvidos. “Excetuando o pequeno grupo que participou dos fatos, a comunidade acadêmica em geral lamentou o ocorrido, apoiou e agradeceu o policiamento realizado no local.”

Veja abaixo a íntegra da nota divulgada pela Adunesp

NOTA DE REPÚDIO À INVASÃO POLICIAL DA FFC/UNESP, CAMPUS DE MARÍLIA

Em meio a uma grave conjuntura política nacional de ataques contra os direitos democráticos assegurados pela Constituição, nas últimas horas do dia 8 de maio de 2017, sob o pretexto de estar realizando um patrulhamento ostensivo nas imediações, uma viatura da Polícia Militar invadiu o campus universitário da Unesp de Marília, causando um enorme tumulto envolvendo estudantes, servidores técnico-administrativos e docentes, que estavam ali presentes. De modo absolutamente intimidador, os policiais dirigiram insultos de caráter político-ideológico contra os docentes que tentavam mediar a situação. Por diversas vezes ameaçaram prender estudantes reunidos em razão de uma assembleia, sob o pretexto de estarem fazendo uso de entorpecentes. Cartazes chegaram a ser destruídos pelos policiais, segundo relatos de estudantes.

O reforço de uma segunda viatura chegou a ser acionado. Indagados sobre a ausência de qualquer solicitação formal realizada pela direção da unidade, afirmaram repetidas vezes, e diante da figura do próprio diretor da Unidade, que poderiam adentrar o espaço da universidade quando bem entendessem. Sob a alegação de estarem cumprindo ordens de uma instância superior, os policiais recusavam-se intransigentemente a se retirar do local, ainda que inexistisse, naquele momento, motivo algum para a sua presença no Campus. Sob forte manifestação dos estudantes, os policiais impunham como condição para a retirada da viatura o silenciamento dos gritos de protesto e a dispersão dos manifestantes, o que evidentemente não aconteceu.

Assim, diante dessa inadmissível demonstração de autoritarismo e desrespeito para com a universidade pública e àqueles que nela trabalham e estudam, a Associação dos Docentes da Unesp vem a público expressar o seu mais veemente repúdio à intervenção policial sobre as atividades políticas e associativas realizadas por qualquer um dos segmentos da comunidade acadêmica, garantidas pela Constituição Federal de 1988, reafirmando, assim, a sua posição de defesa dos direitos democráticos duramente conquistados pela sociedade.

Diretoria Central da Adunesp S.Sindical do Andes

São Paulo, 10 de maio de 2017.