Marília

Alguém está muito errado

Dilma ataca Aécio. Aécio ataca Dilma. E os dois estão certos. Situação e oposição cumprem o nobre papel de mostrar quão ruim é o outro lado e na prática o que o eleitor pode descobrir é o que já deveria saber: não vai dar para votar em nenhum deles como salvador da pátria. Nunca deu. Essa ideia foi errada com Collor em 1989 ou com Lula em 2002. É errada agora também.

Corrupção, desmandos, erros, más decisões, descaso administrativo, sinais de incapacidade, amigos ruins estão dois lados (muitas vezes são os mesmos). E a troca de acusações neste nível é patética. Já foi no primeiro turno.

Os tucanos criticam os aliados do PT. Disputaram o apoio destes mesmos aliados e em muitos Estados as parcerias se cruzam, confundem-se. É assim desde que o PT decidiu que iria fazer de tudo para ser e ficar no poder. O PSDB já fazia isso faz tempo, aprendeu no PMDB, de onde veio.

Dilma e o PT que sobrou com ela, tão diferente da década de 80, comemoram a importância de bolsas que combatem a fome, de programa que capenga ou não leva consultas médicas a gente que nunca teve esta possibilidade. Estão certos.

Os tucanos criticam as bolsas todas como forma de criar um grande curral eleitoral e combatem a incapacidade do país em criar aqui a estrutura de saúde que quer importar. E estão certos. As bolsas deveriam ser uma forma de conter o problema enquanto o país muda. O PT teve 12 anos para reformas estruturais, para criar pólos de desenvolvimento nos bolsões da miséria.

O PSDB teve oito e são os mesmos bolsões que os tucanos não mudaram também. É, os tucanos foram poder por anos e anos, nos mesmos bolsões controlados pelos mesmos coronéis.

Em resumo, escolha o tema da crítica. Você vai achar razões nos dois lados. Mas independente disso no dia 26 um deles será escolhido e é preciso achar uma forma de decidir.

Existem várias opções: escolher pelos grupos sociais que podem conseguir espaço com o governo, pelo perfil de organizações que conseguem suporte público; pela forma como o governo interage e se relaciona com as instituições da sociedade.

São diferentes as formas como os governos vão se comportar na relação com o capital externo e os especuladores internacionais, como o governo vai se relacionar com países vizinhos, com outros países desenvolvidos ou emergentes.

Para escolher, o cidadão deveria participar das discussões sobre tudo isso, ter informações para escolher que tipo de relações institucionais quer, atuar junto às instituições. Para isso precisaria participar, ficar atento o tempo todo, não só na eleição. Mas isso a maioria do eleitorado também não quer.

Quantos contatos os eleitores fazem com os deputados que elegeram? Quantos eleitores sabem como votaram seus deputados estaduais e federais? Quantos eleitores lêem ou conhecem os diferentes programas federais lançados por tucanos e petistas?

No fim, errado mesmo acaba sendo o eleitor.