Marília

Angústia e saudade – Filho relata perda da mãe, Zilda Santos, vítima da Covid

Bruno (com os pais, Cícero e Zilda), faz relato sobre Covid em Marília – Reprodução
Bruno (com os pais, Cícero e Zilda), faz relato sobre Covid em Marília – Reprodução

Angústia desde os primeiros sintomas, surpresas dolorosas e saudade. Bruno Santos, filho da merendeira aposentada Zilda Carvalho Santos, falecida por consequências da Covid em meio deste ano, divulgou em redes sociais um longo relato com desabafo e mensagens sobre a relação com a mãe em seus últimos dias.

O quadro grave de Zilda surgiu em momento de preocupação da família com o pai que apresentava sintomas graves e estava em atendimento. Zilda acompanhou o marido em consultas e internação no PA da Zona Sul.

O relato conta que os problemas começaram no dia 14 de maio, quando seu pai apresentou mais problemas de respiração. “Ele não conseguia nem falar uma palavra conosco, uma das coisas que mais nos preocupava era que na quinta ele estava bem e na sexta, de repente, já não estava mais.”

Zilda insistia em participar do atendimento, sair para comprar remédios. Foi com ele a um posto de saúde para atendimento dos sinais críticos.

“Levantei e decidi pegar o pouco dinheiro que tinha e fazer um belo café para quando os dois voltassem, encomendei tudo por aplicativo.” Ele acabou internado. Bruno divulgou a mensagem que recebeu da mãe.

“O médico saiu, falou que seu pai foi entubado e que não compensava eu ficar lá esperando, porque ele podia ficar uma 1h lá ou 1 semana, 1 mês… Filho, eu não estou bem, eu estava bem lá no PA sul, mas depois que cheguei lá e fiquei esperando a médica sair, uma 1 hora depois meu deu um mal estar de repente, tive que sentar no chão e agarrar uma cadeira.”

Zilda já apresentava sintomas semelhantes aos do marido. Chegou em casa e deitou. Não queria comer nada, tomou um chá.

“Preparei aquele café da tarde que queria ter feito de manhã e falei pra mim mesmo: o objetivo era para meu pai estar aqui também, mas posso fazer isso pra minha mãe agora e fazer de novo para os dois quando meu pai voltar.”

Às 19h  Bruno procurou a mãe, que parecia pior, decidiram procurar atendimento. “Filho, será que eu vou ter que ser internada como seu pai?”, mantendo a calma, eu falei “Não mãezinha, você ficou ruim só agora, vai ser que nem o pai, você vai ir lá, vão te dar um remédio, você vai ficar boa e vai voltar pra casa.”

“Levei ela no PA da Unimed o mais rápido que pude… peguei a cadeira de roda e levei ela na triagem, nos 10min lá esperando, ela começou a ficar muito mal, muito mal mesmo…ela suava muito e eu a abanava muito, estava com mais falta de ar mais ela tinha que ficar de máscara, foi a primeira e única vez que vi minha guerreira sofrer daquele jeito, ela era uma mulher que nem gripe pegava.”

Zilda foi levada para ala de emergência. Foi a última vez que Bruno falou com a mãe. Ela foi intubada e internada.

“Eu amava e ainda amo minha mãe. Ela fez o papel de mãe por excelência em minha vida e na do meu irmão… Eu perdi minha mãe, nenhum dinheiro substitui isso.” Acesse abaixo a íntegra da mensagem.