Um projeto voluntário iniciado por um aposentado para oferecer uma biblioteca comunitária na praça do Cavallari em Marília virou projeto de exportação e já ganhou “filiais” no Paraná, Mato Grosso, cidades da região e em São Paulo.
A ideia nasceu depois que Severino Francisco da Silva, 75 anos, usou acervo pessoal livros, madeira de construção e muita dedicação para criar o projeto na zona oeste de Marília.
Severino é nascido em Caruaru, no interior de Pernambuco. Mudou-se criança para São Paulo onde foi funileiro e carreteiro. Aposentado, mudou para Marília com a esposa, que tem parentes na cidade.
Acompanhou ações voluntárias como criação da horta, arborização e feiras orgânicas na praça do Cavallari. Um dia montou um pequeno armário e decidiu levar livros que guardava em casa.
“Eu não estudei, mas os meus estudaram. Tenho um irmão advogado, minha filha é professora, meu filho é estudado. Tudo isso sobrou muito livro”, disse.
Construiu o armário de forma artesanal. Ganhou público na praça com estudantes da escola municipal Chico Xavier, que fica em frente, e moradores.
“Começou a sair reportagem em TV, todo mundo que vinha jogava na internet. Aí começaram a me procurar de outras cidades. Se eu tiver que viajar isso fica caro, então precisam achar pessoas para cuidar la. Mas eu já fiz a caixa para pessoas do Paraná, de Florianópolis, até para uma favela do Morumbi em São Paulo. Me mandaram fotos de lá”, conta.
A biblioteca de Severino tem alguns detalhes que fazem parte do sucesso: Reúne enciclopédia, livros para primeiro e segundo grau, alguns livros específicos por área e é totalmente aberta.
“Uma vez me disseram: o senhor não põe cadeado, vão roubar. Eu disse: o aeroporto de Campinas tem toda segurança e roubaram”.”
A divulgação também atrai doações. Não é o desejo do aposentado. “UM dia encostou aqui uma camionete com seis caixas. Eu digo: vou por aonde tudo isso? Acho mais importante ter outras bibliotecas, em outras praças”, afirmou.
Além da biblioteca, o ponto agora tem sabão ao lado de uma torneira para incentivar as pessoas a lavarem as mãos. Tem ainda mensagens para ajudar a manter as árvores plantadas pela comunidade na praça.
Ganhou leitores e amigos. Em especial Clóvis da Silva Oliveira, um empresário do ramo de alimentação, que hoje se declara “secretário do Severino”.
“Literatura muda a maneira de pensar. Se a pessoa não absorver conhecimento não muda”, diz Clóvis.