A proposta para estudar a mudança da Câmara – física, mudança para novo prédio – despertou um debate e muitos discursos empolgados dos vereadores para que haja uma mudança – ideológica – de eleitores e valorize a eles mesmo, os nobres legisladores. Há um fundo de razão nestes discursos. E uma oprtunidade. Um cavalo passando arriado. E a primeira chance de montar foi perdida.

Isso porque em momento algum os vereadores falaram em mudar a própria conduta. Todos os discursos partem do princípio que o trabalho é lindo, o eleitor que é mal orientado sobre o Legislativo.

Um estudo rápido de história em médio prazo na Câmara – com as condutas em diferentes comissões de investigação de desmandos, só para ficar nos casos mais graves – já daria a medida de como o Legislativo contribuiu para ter uma imagem ruim.

Mas a história recente abastece este debate. E não é apenas uma questão de escândalos de vereadores de forma isolada, mas de que o próprio Legislativo várias vezes apequena-se para servir ao Executivo. Uma história antiga que é repetida indefinidamente.

O debate dos vereadores lembrou que os eleitores esperam soluções que os vereadores não podem dar. E é verdade, mais uma vez. Um enorme número de eleitores erra a respeito.

Mas quantos vereadores fizeram suas campanhas dizendo isso ao eleitor? Seria bacana encontrar um santinho que fosse com as frases “não espere obras, não espere asfalto, não espere saúde. Eu não dou nada, eu só posso ir pedir e ser um fiscal eficiente do que faz o prefeito”. A grande maioria faz campanha prometendo trabalhar com o prefeito para trazer obras. Bem, ganharam? Votam tudo com o prefeito? Levem as obras, por favor.

E para dar o grande final ao debate, os vereadores dos diferentes partidos começaram a citar escândalos do partido alheio, casos de roubalheira, suspeitas, fraudes. E, mais uma vez, eles estavam certos. Todas as acusações feitas – e que atingem a todos os partidos, todas as coligações – estão certas. Bacana se os vereadores passarem a cobrar a moralidade de seus próprios partidos.

Vale muito investir em uma Câmara atuante, que receba a população, que crie espaços para a sociedade civil, que abra comissões para debate público, que aceite sugestões. É um grande negócio ter uma câmara que preserve a memória de todos os partidos e linhas políticas – não só de quem vence – e que ainda seja independente do Executivo e mostre esta independência nas votações, nos debates, na cobrança de respostas. É um dinheiro bem gasto ter um Legilsativo atuante.

Mudar de prédio pode ajudar nisso? Muito bom que seja assim, avancem no estudo. De certo modo, já ajudou criando o debate. Que os vereadores possam aproveitar a chance e façam valer o investimento.