A artista mariliense Luciana Crepaldi, radicada em sua segunda temporada na Espanha, relata uma onda de solidariedade, comoção e ação voluntários uma semana após tempestade no país.
A chuva causou grandes inundações em Valência, uma província à beira mar. Houve destruição, mortes e desabrigados.
Lu Crepaldi, seu nome artístico, mora em Barcelona. Esta longe da região do aeroporto da cidade, que teve inundação. E mais ainda de Valência, centro da crise. São 360km até Massanassa, um dos pontos com maiores danos.
Ainda assim, a artista teve um ‘gigantesco susto’ quando seu telefone tocou de forma diferente às 10h de uma manhã para alerta de chuvas em sua cidade.
“Estou em Barcelona, a cidade não foi tão afetada. O que aconteceu em Valência é quase igual ou pior que o Rio Grande do Sul, no sentido de que houve mais mortes”, conta.
Desaparecidos
O reforço dos alarmes foi uma das reações após inundações que em números com dados da quarta-feira apontam 93 desaparecidos, pelo menos 219 vítimas e mais de 50 corpos sem identificação.
As publicações mostram novos riscos, como danos às estruturas de prédios mais antigos.
“Sem sombra de dúvida, teve um impacto em toda a Espanha. Muita gente se mobiliza, tem bastante solidariedade. Acabei de sair de um supermercado e o caixa pergunta se o cliente quer colaborar com Valência”, explica.
Nas ruas e redes sociais há muitas informações sobre as formas para solidariedade. Além de mandar dinheiro, alimentos e roupas, há mobilização para trabalho voluntário. Muita gente vai atuar nos pontos devastados.
“Olha que louco, que forte: as pessoas, mesmo afetadas, oferecem, no meio do barro mesmo para pessoas que vão de longe. Porque não tem aonde comer, não tem supermercado, mais nada. Regiões totalmente destruídas.”
A artista revela ainda algumas situações que considerou mais marcantes e tristes. “Pessoas acharam que daria tempo de tirar carro da garagem em prédios, shopping de três andares. Acabaram morrendo afogadas. Não conseguiam mais sair.”
‘Funciona graças aos voluntários’
A mídia e redes sociais da Espanha revelam vários casos trágicos e perdas em família. Mas detalham também impacto do voluntariado.
Uma publicação do La Vanguardia sobre os danos em Massanassa mostra trabalho em limpeza, doações e até serviços psicológico.
“A normalidade vai demorar a chegar” e “nem uma rua de Massanassa escapou do lodaçal” são algumas das informações. Um dos trabalhadores diz que “graças aos voluntários isso funciona”.
Lu Crepaldi explica que a mobilização é geral. “Muita gente vai com pás, comida, vi até uma comunidade da China entregando comida.”
Ela recebe muitas chamadas de amigos, especialmente após a inundação no aeroporto. Mas está bem e longe de riscos.
“Aqui não perdeu energia, não teve alta de preços ou escassez. O que eu vejo são muitos pontos de arrecadação de alimentos, roupas e utensílios de casa.”