Estudantes de medicina e enfermagem da Famema (Faculdade de Medicina de Marília) marcaram para segunda-feira uma assembleia geral que vai definir novos atos e o rumo das reivindicações dos alunos após dois dias de manifestações e série de reuniões com dirigentes da faculdade e do Complexo HC.
Apesar dos encontros com dirigentes das instituições, um relatório sobre as atividades mostra que pouco mudou após os protestos da quinta e sexta-feira. A assembleia será feita às 19h da segunda.
Há indicação de algumas medidas, como uma viagem à Assembleia Legislativa para pressionar a aprovação de propostas de organização e investimento no Complexo Famema.
Também foi discutida possibilidade de os estudantes participaram em reuniões para decisões sobre atividades. Veja abaixo o relatório divulgado pelos estudantes
“No contexto da paralisação feita por nós, alunos da Faculdade de Medicina de Marília, inclusive de plantões, na quinta-feira, dia 29/09, foi feita uma reunião entre a gestão do Hospital das Clínicas, a direção e estudantes da Famema.
Nesse espaço, uma das queixas feitas por nós e parte dos docentes quanto ao internato é a falta de professores no setor de Ginecologia e Obstetrícia, na qual os alunos ficam desassistidos, especialmente na enfermaria, e a situação se agravou com a exigência do HC pelo cumprimento de um mutirão em horários que deveriam estar atuando na educação. O HC nega que fez esse pedido.
Outra queixa é o fato de os preceptores que atuavam na especialidade de Clínica Médica terem sido deslocados para cumprir a função de hospitalistas, na qual é inviável ser conciliada com a educação de qualidade antes proposta na clínica, devido a forma em que está sendo aplicado o projeto no hospital. Nessa nova condição, os estágios que aconteciam nos períodos da manhã, tarde e noite acontecerão somente às manhãs no formato anterior.
Houveram encaminhamentos para possíveis soluções, como a participação dos estudantes em reuniões, mas até as datas propostas a situação se mantém como está.
Além disso, a falta de comunicação tem sido uma queixa constante por parte de estudantes e docentes da Famema, já que a instituição não é comunicada sobre mudanças ou elas acontecem de última hora, de tal forma que participa pouco das decisões e tem pouco tempo para se rearticular.
Em outra reunião, que aconteceu no mesmo dia, com a direção da faculdade e a presença da gestão do Hospital das Clínicas, nós, estudantes, apontamos a fragilidade da relação da faculdade com o HC, posto que temos perdido cada vez mais espaço, tanto físico, com a retirada dos laboratórios, como no quadro de docentes que têm tido que deslocar sua atenção à assistência em momentos que a parte acadêmica deveria ser garantida.
Para além disso, a faculdade sofre com questões relacionadas ao sucateamento da educação e que se estendem a âmbitos políticos, como a aprovação das bolsas de permanência, monitoria e pesquisa, o reajuste do quadro salarial de professores que serão selecionados por concursos públicos, que está com valores de 2008.
Além disso, a instituição precisa da liberação de recurso estadual para a planta executiva do campus, necessária para dar início a obra, já que a maior parte das atividades curriculares acontece em prédios alugados.
Quanto a esses tópicos foi sugerido nossa ida até a Alesp e solicitamos o apoio da faculdade quanto ao transporte para possibilitar essa ação e foi respondido que mediante a solicitação essa possibilidade pode ser verificada.
Hoje, dia 30/09, a paralisação e a manifestação continuaram pelas mesmas reivindicações.
Em todos os espaços, foi afirmado por parte dos estudantes que diante da não resolução das demandas os movimentos devem continuar acontecendo, visto que diante do desmonte da educação precisamos nos mobilizar.
Na próxima semana iremos nos articular para decidir as próximas ações, inclusive com a organização de uma Assembleia Geral com todos os estudantes já na segunda-feira às 19 horas.
Ainda, por parte dos alunos, foi dita a importância de uma formação de qualidade e que ela não fique em segundo plano em relação à assistência, já que seremos a assistência em breve.
Por fim, reiteramos que o movimento estudantil não tem vínculo com nenhum partido ou figura política. É um movimento suprapartidário que visa garantir os direitos dos estudantes da faculdade estadual de medicina e enfermagem.”
Veja abaixo vídeo com imagens de alguns momentos das manifestções de quinta e sexta-feira.