Uma audiência virtual nesta terça-feira, dia 6, vai reunir representantes da empresa Voa SP e do Aeroclube de Marília para discutir possibilidade de acordo no impasse sobre uso de galpões ocupados pela entidade hoje.
Pode desalojar uma das mais tradicionais instituições da cidade. O aeroclube é responsável pela formação de mais de 20 pilotos de avião e planador por ano na última década.
Também permite a formação e coloca no mercado 30 comissárias e comissários de bordo com formação para atuar em voos comerciais.
Representa em média 530 horas/voo por ano na cidade. É também um ponto de referência em eventos e recepção a visitantes ilustres. Isso sem contar uma impressionante história que colocou uma cidade nova e pequena como destaque na aviação do país.
É um espaço reconhecido pela formação de pilotos que atuaram e se aposentaram em grandes companhias áreas do país e venceu campeonatos de manobra em aviação com destaque nacional, como em São Pedro, como conta Plautio Moron Zani.
Além da atuação pessoal como piloto, é filho de Renato Zanni, um dos pioneiros na operação de taxi aéreo que deu origem à TAM, hoje Latam.
Renato pilotou o monomotor PP-TLS, segundo avião construído no Brasil e comandado por ele na chamada ‘invasão da amizade’, quando Marília levou nove aeronaves – com dois pilotos em cada – à Argentina, ao lado de outros aeroclubes de diferentes cidades.
A lista de nomes para ele citar é grande, quase sempre de pilotos conhecidos pelo sobrenome, – como Sciarretta, Acosta, Bombini, Oberdan Jordão – quase sempre com duas ou mais gerações na atividade.
Mário Lúcio Rovigatti, José Zamboni Filho, Plautio Moron Zanni, Milton Expedito Sciarretta e Oberdan Jordão – acervo Plautio Moron Zani
“O Aeroclube de Marília foi o terceiro do Brasil em número de formação de pilotos. Só perdia para aeroclube do Rio de Janeiro e de São Paulo”, explica o piloto Plautio
As fotos e taças que ele e outros pioneiros guardam mostram o nascimento da estrutura com dois nomes em especial – Frank Miloye Milenkovich, que hoje dá o nome ao aeroporto, e seu filho, Ralf -.
Otávio Simonaio; Lázaro Novaes; José Sciarretta Sobrinho, Ralph, Trazzi Rubens Bombini, Nelo Ferrioli, Renato Zanni. Em cima da Asa Salvador Borges o No, e Agricio de Souza: Aeroclube de Marília foi campeão
E o aeroclube mantém tradição de formação, competições e empregabilidade, uma situação que é o elo entre as diferentes gerações de pilotos.
Poderia ser um museu com atividades práticas para o clube. Ou pode ser despejado. O destino começa a ser definido nesta terça em Marília.
O CASO
A audiência foi marcada pela Justiça como passo de composição antes de decidir um pedido de liminar para reintegração da posse à Rede Voa, responsável pela área desde 2022, quando o aeroporto entrou em concessão.
O aeroclube estava então protegido por um termo de cessão do espaço assinado pelo Daesp, o departamento estadual responsável pelos aeroportos. O termo acabou em maio deste ano.
Meses antes do final, a rede Voa já havia encaminhado ao clube – fundado em 1940 – propostas comerciais para manter o espaço. Sem acordo, a empresa apresentou o pedido de devolução dos três hangares e escritório do aeroclube.