A herança maldita em dívidas na Prefeitura de Marília ainda surpreende: a Secretaria da Fazenda revelou nesta quinta-feira durante audiência pública a descoberta de débitos de R$ 60 milhões em direitos trabalhistas não pagos a servidores.
Segundo o secretário da Fazenda, Levi Gomes, que revelou os dados, o rombo foi descoberto quando a prefeitura decidiu reorganizar pagamentos de progressão por mérito.
“Vamos fazer levantamento de horas extras, do que tem represado de licença prêmio: passa de R$ 50 milhões. Isso vai começar a estourar. Alguém vai ter que pagar. O município vai ter que pagar”, disse o secretário.
Levi acusou omissão das administrações anteriores. “O funcionário não subiu la e mandou lançar. Funcionário não falou ‘registra minha licença aí’. Alguém deixou de fazer, quando não se controla nada e só vai dando benefícios é isso. São 60 milhões”, disse Levi.
Ainda de acordo com o secretário, dois funcionários se aposentaram na semana passada e a divida com os servidores chagava a R$ 600 mil.
“A progressão por mérito não se paga há algum tempo, mudou isso a partir deste ano, tem direito, chega no aniversário paga. Aí fomos ver para acertar o atrasado: mais de R$ 6 milhões, eu não sabia disso, acho que ninguém”, disse o secretário.
ESGOTO
A audiência revelou ainda prejuízos com serviços mal feitos ou perdidos por abandono na obra de implantação do sistema de tratamento de esgoto.
“Aquilo que foi abandonado, feito de forma irregular, isso aí é recurso próprio. A prefeitura vai ter que arcar com estes recursos. Eu não sei explicar tecnicamente. Por exemplo, onde tem aquelas mantas teria que passar uma tubulação por baixo e não foi feito”, disse o secretário.
Levi Gomes disse ainda no encontro que a cidade teve frustração de receita e gasta atualmente 45% do orçamento com a folha de pagamento dos servidores, um índice confortavelmente abaixo dos limites legais. Segundo ele, a cidade deve fechar o ano com 48%.
BOICOTE
A informação foi apresentada pelo secretário municipal da Fazenda, Levi Gomes, em resposta a uma pergunta do vereador Luiz Eduardo Nardi, um dos três únicos parlamentares que acompanharam o encontro entre os 13 vereadores da cidade. José Carlos Albuquerque, que presidiu a sessão, e Evandro Galette completaram a lista.
O Giro apurou que a ausência de vereadores envolve compromissos políticos ou pessoais e até boicote pessoal ao secretário Levi Gomes, que nos últimos meses protagonizou situações de confronto com parlamentares.