Bares

Ana Person reencontra cidade com música para ouvir e pensar

Ana Person reencontra cidade com música para ouvir e pensar

Na década de 80, Ana Person saiu de Marília para cursar comunicação social em Bauru, na Unesp. Não voltou mais. Pelo menos para morar. Ganhou o mundo, desenvolveu habilidades, expandiu conhecimento e transformou sua paixão pela música em profissão múltipla que apresenta variedades tanto no conteúdo quanto nos usos e aplicações de seu trabalho. Uma das integrantes do projeto Talento, que na década de 80 reuniu grandes músicos na cidade, Ana marca o reencontro com público em apresentação para novo bar-restaurante a ser inaugurado.

Hoje Ana mora em Valinhos, na região de Campinas, e suas composições são trilha sonora para educação, ambientalista, ativismo ambiental, além de serem ótimas composições para ouvir em casa, a dois, em família ou grupos. 

Ana aparece sempre em Marília, como já vinha esporadicamente desde a faculdade, mas até o final do ano deve fazer algo mais, diferente do que faz na sua carreira: tocar na noite, embalar público de um novo bar-restaurante a ser inaugurado na cidade. Será uma situação única, favor de amigo, que vira uma oportunidade rara para a cidade reencontrar Ana Person e conhecer um pouco mais do som que conquista cada vez mais gente lá fora.

Ana Person navega na modernidade. Alguns de seus principais projetos são acesspiveis pela internet como a Oficina Musical Carta da Terra (cartadaterra.anaperson.com.br),  o show infantil “Mãe, por que será?” com a Cia.Paralatimbum (paralatimbum.anaperson.com.br) e seu próprio site (www.anaperson.com.br). A compositora está também no Facebook (facebook.com/ana.person.3) e tem pasta de áudios. 

Ela concedeu uma entrevista pela internet, falou da carreira de sua formação cultural, dos rumos de seu trabalho e em cada pergunta revelou um pouco da mulher e pensadora por trás das letras. Tanto melhor, dá para conhecer mais de Ana até o reencontro em dezembro. 

GIROMARÍLIA – Você faz músicas que vão muito além de poesia e sonoridade. Tem letras falando de vida, ambiente, família. São ideias que você já tinha e transformou em música ou você acostumou-se a pensar e expressar ideias de forma musical?

Ana Person – As canções são fruto das minhas experiências cotidianas como múltiplas Ana’s: mãe, namorada, profissional, amiga, filha, poeta, espiritualizada, egocêntrica e tantas outras faces da Ana humana. Também daquilo em que acredito, idealizo ser, viver.

Sempre fui muito conectada com a Natureza, que admiro, respeito, defendo e com a qual me sinto una, desde lá quando compus a primeira música ao violão com 9 anos de idade, intitulada “Uma borboleta”, que conta a saga de uma lepidóptera colorida.

GIROMARÍLIA – Você vê sua música mais como trilha sonora para curtir a natureza ou ir à luta por ela?

AP – Eu faço cada canção de forma orgânica, intuitiva, sem pensar em atender a um gosto ou mercado,  e sinto que as pessoas que gostam do meu trabalho, é pelo fato de perceberem sutilezas que as conecta com algo Sagrado, com a Mãe Terra, com as águas, o vento, com lado positivo da vida, de forma alegre e leve. 

A grande maioria é engajada em movimentos de preservação da vida no planeta, defende a educação não formal e libertária, a volta à essência,  está em busca do autoconhecimento e sente satisfação nas coisas simples da vida.

GIRO MARÍLIA  – Que músico e linha musical influenciaram sua formação?

AP – Canção e instrumental. Principalmente os mineiros, mas também os baianos, os paulistas e toda a música brasileira,  de violeiros à sambistas, maracatuqueiros, coqueiros, tudo o que me parece lindo,  que meu ouvido escolhe e meu coração acolhe.

GIROMARÍLIA – Essa preocupação de que a música tenha mensagens de cunho coletivo, de formação, permite pensar em música e cultura como mercado, como negócio?

AP – Mesmo optando por manter a autenticidade e a essência da obra, é possível sim fazer da Música uma Profissão. Mas é preciso abrir e trilhar caminhos alternativos, fora da grande mídia comercial, principalmente quando o trabalho não tem apenas forma, mas principalmente conteúdo pautado na evolução do Ser humano, na Ética e na Estética.

As conexões deste tipo de trabalho podem ser feitas com a área da Saúde, da Educação, da Espiritualidade, do Meio Ambiente, da Sustentabilidade e talvez com tantos outros desconhecidos ainda.

GIROMARÍLIA – Há quanto tempo você está fora de Marília? 

AP – Desde 1986, quando fui cursar Comunicação Social, na Unesp de Bauru. Mas toda a riqueza do meu começo como artista e o convívio com os amigos músicos nos anos 80, em Marília, principalmente no inesquecível Projeto Talento, trago guardado como preciosidade: Rubinho Jacob, Ivan de Souza, Fernando Franco, Ricardo Matsuda, Marina Alves, Claudia Notaro, Chico de Assis, Cid Cândido, Max Ceschi, Alexandre Mascaro, Gilson Dias, Zé Geraldo, Marlú, Indião Batera e por aí vai.

GIROMARÍLIA – Sua mudança de Marília foi uma decisão exclusivamente pessoal e familiar ou envolveu preocupação com carreira?

AP – Mudei para Bauru para cursar Comunicação Social. Não tinha planos para a carreira de artista. Porém, entre altos e baixos,  nunca parei de compor.

GIROMARÍLIA – Como foi a conclusão de que você queria e poderia para viver de música?

AP – Mas sabe que ainda não cheguei à essa conclusão? Rsrs. Todos os dias repenso meu modo de ser e de estar no mundo e oscilo entre a ambientalista, a educadora, a comunicadora e a artista.O bom é que a Arte cabe em tudo isso, o melhor é que tudo isso cabe na Arte.

GIROMARÍLIA – Você trabalha com oficinas, especialmente com crianças. Isso é vinculado a algum órgão, escolas, coisa assim? Como surgiram as oficinas na sua vida?

AP – Esse trabalho com as crianças é muito especial, pois envolve música e sustentabilidade. Desde 2008 realizamos a Oficina Musical Carta da Terra para crianças, em unidades do Sesc, Sesi, Prefeituras e eventos diversos, por editais e também contratações diretas. 

Este projeto surgiu à partir do momento em que conheci o documento oficial Carta da Terra e percebi a sua completude e foco no bem comum, e passei a partilhar os conceitos através da música e do fazer musical.

Outro Projeto que desenvolvemos desde 2012 é “Oração ao tempo”, uma vivência musical para ser inserida em Programas Preparatórios para Aposentadoria – PPA, de Empresas e Instituições que valorizam este momento de transição dos funcionários aposentandos. Todos os projetos são baseados nas canções que componho.

GIROMARÍLIA – E os CDs, você tem gravações lançadas…

AP – Lancei em 2002 o primeiro álbum autoral intitulado “Que eu traga na canção”, e em 2008 o álbum autoral “Além do tempo”, que podem ser adquiridos pelo e-mail [email protected]

GIROMARÍLIA – Algum projeto envolvendo música que ainda não deu para realizar?

AP – Muitas pessoas me procuram para dar aulas de Canto, de instrumento, então este é um Projeto que desejo realizar, não que eu saiba muita coisa na teoria, porém gosto de ver a pessoa feliz ao se encontrar com a própria musicalidade, ao descobrir a possibilidade de expressar-se sem ter que seguir padrões  pré-estabelecidos, e isso sinto que posso fazer É uma meta, um desafio, é um rio que vai desembocar  naturalmente no mar.

GIROMARÍLIA – Gravar CDS, divulgar, ficou mais fácil com a tecnologia. De que forma essa situação ajuda a  sua linha de atuação e a divulgação do trabalho? Você navega nas oportunidades da internet?

AP – A pré-produção caseira ou em estúdios de pequeno porte, permitem que se elabore melhor e com baixo custo o que se pretende gravar definitivamente. A internet é uma grande ferramenta sustentável, pois reduz enormemente o custo de divulgação de um trabalho artístico e amplia a abrangência.

Minha música pode chegar rapidamente e com mínima pegada ecológica a lugares que eu nem sonhe ir pessoalmente.

GIROMARÍLIA – O que o público vai ouvir neste reencontro em dezembro?

AP – Além das canções de minha autoria, vou interpretar obras de  Adoniram Barbosa, Noel Rosa, Chico Buarque, Gilberto Gil, João Bosco, Rita Lee, Zé Ramalho, Geraldo Azevedo, Alceu Valença, Almir Sater, Zeca Baleiro e tantos outros que me fazem como artista. É o último Show do ano. O primeiro de muitos.