Banda paulistana troca EP por verba para cães

Uma banda de rock de Sâo Paulo está trocando EPs por doações para atendimento a cães adotados e mantidos em lares temporários com amigos ou cuidadores. A 3RH, banda com dez anos de estrada – três com a atual formação – ainda briga para entrar no cenário profissional de música, mas faz shows em pequenos festivais no litoral, capital e algumas viagens.

O EP já está circulando no mercado e com alguma divulgação entre amigos e sites especializados em música. A ideia de trocar por doações surgiu da iniciativa do vocalista e cinegrafista Luís Eduardo Jordão Barreto, o Nê, um ativista dos direitos dos animais. Ele mesmo cuida de pelo menos dois cães e financia todo o tratamento e alimentação com recursos próprios. Gustavo Zacgui, guitarra base no grupo, já adotou um cachorro. 

“São Paulo é uma cidade dividida em quase tudo, com animais não é diferente. Tem cães tratados em casas com requinte e tem madames e gente sem noção que despeja filhotes nas ruas, abandonam cães. Mas também tem militantes que dormem em praças na vigília até conseguir recolher animais. Esse trabalho merece suporte, merece apoio”, disse o músico.

Ele sempre gostou de cães. Quando foi morar em apartamento – situação cada vez mais comum em São Paulo – teve que se desfazer do seu. Sentiu falta até conseguir morar em uma chácara próxima da represa Guarapiranga, na zona sul da cidade.

Enfiou cinco cachorros na casa e passou a ser polo de doações, abrigo temporário e atendimento. Os cinco cachorros foram atacados por um enxame de abelha, apenas um sobreviveu. Barreto acabou obrigado a voltar para apartamento e o sonho de abrigo para cães naufragou. Mas não o projeto de arranjar lares temporários e adotivos permanentes.

Barreto destacou apoio de toda a banda e amigos para a proposta – “o projeto não existe sem a participação deles“ – e disse que apesar das diferentes ONGs e serviços no atendimento animal o problema ainda é muito grande.

“Quase todo dia aparece denúncia de abandono de animais, de cães para resgatar e levar para adoação. E o cão para adoção raramente é o filhote de comercial, lindinho, fofinho. Quem cuida faz por amor mesmo, por receber dos animais um carinho, proteção e respeito únicos. Mas muita gente quer ajudar e não pode ou não sabe como. Então a proposta de trocar EP por doações é abrir um leque a mais para quem quer ajudar.”