Havia decidido que não escreveria nada sobre a morte do meu grande amigo Gustavo Simi.
Não por negligência, indiferença ou prepotência minha.
Apenas entendo que nada que pudesse escrever ou dizer sobre ele, refletiria com exatidão e honestidade tudo o que ele foi , o que me ensinou e o que aprendi.
Li todas as homenagens nos jornais, nos portais de internet e nas páginas pessoais de amigos, familiares e admiradores de Gustavo Simi.
Todas foram perfeitas.
Atendi ligações de amigos que, chorando, queriam que eu confirmasse a notícia que para todos parecia mentira.
Confirmei, confortei e busquei em cada palavra que disseram sobre ele, me confortar também.
Então, como tudo já havia sido dito e escrito, decidi me calar e só relembrar nossa convivência e observar as cenas finais deste nosso encontro ou reencontro na terra.
Mas não era o suficiente. Na verdade, conto aqui como foi nossa despedida, já que nossa amizade, todos sabem que foi alegre e sincera.
A cada pessoa que entrava para a sua despedia, me lembrava instantaneamente de como ele costumava chamar e brincar com ela.
Então, em alguns momentos eu ri ao me lembrar desses momentos.
Mas na verdade, acho que não era eu sendo indelicado ou inconveniente, mais que o normal. Tenho certeza que era ele tentando me aliviar a dor da saudade.
Aliás, sempre achei a saudade um sentimento extremamente egoísta. Isso porque sempre que sofremos a perda de alguém estamos, na verdade, pensando apenas na falta que ela fará para nós e em nenhum momento consideramos que, quem se foi, pode estar melhor e mais feliz.
Mas confesso que foi estranho estar ali. Mesmo sendo um aprendiz da doutrina espírita, que acredita na existência da vida após a morte e na reencarnação, foi difícil ir embora e deixa-lo lá.
Foi difícil abraçar o seu pai, seu irmão e foi dilacerante tentar encontrar algo especial para confortar a Daniella Yamauti, sua esposa e fiel companheira de todos os momentos.
Creio que ninguém cruza nosso caminho por acaso. Nada acontece por acaso e eles se (re) encontraram, já no finalzinho da jornada, para viverem o mais lindo e intenso amor que pude presenciar.
Respeito, dedicação e comprometimento.
Então como escrever algo que pudesse confortar a todos? Afinal, ele possui inúmeros amigos que não apareceram só ali, naquele dia, na hora do adeus. Eles sempre estiveram presentes, porque o Gustavo sempre fez questão de estar perto de todos.
Vi os amigos de trabalho, do Jornal de Piracicaba, que haviam acabado de conhece-lo . Sim. Gustavo estava morando e trabalhando em Piracicaba há apenas três anos. Ninguém arredou o pé dali. Vigília, companhia, homenagem, consideração, não sei. Ele tinha o dom de provocar isso nas pessoas.
Só sei que foi sincero, de coração e como ele, foi intenso.
Já brigamos algumas vezes, ou melhor, só eu briguei, porque ele costumava ser bonzinho demais.
Como pude ser tão estúpido assim?
Hoje eu entendo.
Aliás, hoje entendo que a sua amizade foi uma grande lição de vida.
Só que o “sinal ” tocou e você teve que ir pra casa mais cedo.
Nos vemos mais para frente seu fela! Não me esquecerei jamais de você, irmão!