Uma ação judicial em que a Fazenda Nacional cobra uma dívida milionária da Editora Diário-Correio de Marília reforçou na Justiça Federal as acusações de que o ex-prefeito e ex-deputado Abelardo Camarinha e seu filho, o ex-prefeito e atual deputado Vinícius Camarinha, comandaram um esquema de fraude na compra, posse e gestão da Central Marília Notícias.
A ação provocou o bloqueio das contas bancárias dos dois – pai e filho – na cobrança de dívidas deixadas pela editora, responsável até 2017 pela publicação do jornal Diário de Marília. A execução e bloqueio dos valores pode tirar dos dois valores para cobrir dívidas das empresas que eles sempre negaram controlar.
Além disso, o processo leva para a execução as informações dos casos Operação Miragem, deflagrada em 2016 para investigar a compra e propriedade ilegal do jornal e duas rádios e passa a ser mais um entre diversos casos juidiciais em que Camarinha e Vinícius figuram como sócios ocultos nas empresas. Além da Operação Miragem, ações trabalhistas e ações cíveis de cobrança acusam a propriedade ilegal das empresas.
A ação de cobrança revela detalhes do processo e movimentação de dinheiro na véspera da compra da CMN. As informações foram relacionadas pela juíza Ana Cláudia Manikowski Annes, da 1ª Vara Federal, para incluir Abelardo e Vinícius na ação de cobrança contra a empresa.
“A União trouxe aos autos a ficha cadastral completa da empresa na qual consta como sócia unipessoal, assinando pela empresa, a sra. Sandra Mara Norbiato. No entanto, trouxe Relatórios Fiscais extraídos de procedimentos administrativos instaurados para apurar a responsabilidade tributária de José Abelardo Guimarães Camarinha e de Vinícius Almeida Camarinha que fazem concluir, ao menos nessa fase processual, que eram os administradores de fato da empresa”, disse a juíza na decisão que incluiu os dois políticos na cobrança.
A decisão cita ainda a movimentação de dinheiro, horários de depósitos e valores depositados e sacados inclusive nas contas da família de Vinícius Camarinha.
A dívida total da editora com a União estaria na faixa de R$ 14 milhões. A ação não revela os valores cobrados nesta execução.
Mas a juíza autorizou a penhora de valores a partir de 5% do total cobrado. Caso a ação envolva toda a dívida, o boqueio seria feito a partir de R$ 700 mil. O processo ainda não tem resultados de buscas de valores em contas.