O trabalho de protetores de animais em Marília, que envolve muitas ONGs, dezenas de voluntários e dificuldades financeiras e de logística, ganhou mais um obstáculo: uma onda de perguntas e boatos sobre volta da carrocinha e dos rodeios na cidade.
As dúvidas estão em mensagens e questionamentos sobre o novo código zoosanitário, um projeto que tramita na Câmara da cidade para organizar legislação e obrigações públicas em relação ao setor de proteção, cuidados e prevenção de saúde animal.
Uma das principais reivindicações e orientações dos grupos é a criação de serviços públicos permanentes de resgate e acolhimento dos animais de rua.
Mas o serviço projetado é bastante diferente da chamada carrocinha, que por anos funcionou com apreensão de animais, abrigo temporário para adoção seguido por abate dos animais não adotados, saudáveis ou não.
O novo código, que também enfrente críticas dos protetores por seu confuso e superficial em muitas das normas, projeta realização de exames e até eutanásia para animais com leishmaniose.
Para dirigentes de ONGs que acompanham a elaboração do projeto, não há como haver abate indiscriminado por causa da participação dos protetores e a criação de um abrigo e coleta municipal desafogam o excesso de serviço que existe para as entidades.
“Não vai voltar, muito menos carrocinha. Que ONG séria daria respaldo para volta de carrocinha?”, diz a mensagem da advogada Fernanda Costa, dirigente em uma das ONGs que acompanha o processo de criação do Código.
A proteção completa como eles esperam esbarram em um detalhe sobre os exames. A análise de leishmaniose depende de pelo menos duas provas para diagnóstico confiável que justifique o abate.
A lei ainda não fala em prova e contraprova dos exames, que deveriam ser feitas e pagas pelo serviço público, que ainda emperra gastos em questões mais simples, como castrações.
A leishmaniose é um perigo também para humanos. Além dos animais de rua, há casos de cães abandonados pelos donos após diagnóstico da doença. E mesmo a eutanásia nestes casos virou polêmica nas redes sociais.
O debate deve aumentar a pressão sobre a elaboração do código e as chances de que a nova lei fique engavetada durante a campanha eleitoral. Até que saia do papel, o setor segue com muitos animais nas ruas, boatos e indefinições.