Caminhos e caminhantes

Mas não consegui entender ainda
qual é melhor: se é isto ou aquilo.
Cecília Meireles (1901 – 1964)

Caminhante, não há caminho, o caminho se faz ao caminhar

Antonio Machado (1875-1939) – poeta espanhol
 

O básico de toda uma vida são as decisões que inevitavelmente teremos de tomar, seja por escolha própria, seja por força das circunstâncias. Entre uma decisão de seguir aqui ou acolá ficamos em uma espécie de limbo, onde nada pode fluir e/ou acontecer, sabe aquela conhecida frase “ficar em cima do muro”?! Às vezes é necessário um tempo “em cima do muro” para sentir, analisar a situação, observar, respirar, averiguar as possibilidades etc. mas adiar excessivamente a tomada de uma decisão necessária (por vezes desconfortável e dolorida) é estagnar o canto da vida. Não existe atalho, evitar sofrimentos, partidas e recomeços é ilusão, pois estes são elementos inerentes a existência, não tomar uma decisão não irá evitá-los, apenas amplifica e fortalece a dor, a angústia, as ansiedades e assim por diante.

Sabe aquele momento quando o dia vai indo embora, o sol vai se escondendo, pouco a pouco as cores vão mudando dando lugar a noite, antes que a noite se estabeleça existe um breve tempo em que nem dia nem noite estão, o entre, mas isso deverá passar para que a noite possa ocupar seu lugar na existência do tempo. Observe que todos os dias diversas decisões rotineiras e automáticas são tomadas sem que paremos para pensar com atenção sobre elas, mas ao nos depararmos com uma decisão que pode provocar alterações importantes na vida esse processo de tomada de decisão pode ser mais difícil. Não existe uma receita pronta que o facilite, pois cada pessoa estabelece uma relação diferente com tal processo, o que para uma pessoa pode ser simples e prático para outra pode ser torturante e isso tem a ver com a história pessoal de cada um. Mas existem algumas questões importantes que podem ser analisadas e sentidas.

Reflita sobre suas prioridades quando a tomada de decisão se apresenta, observe se já viveu situações semelhantes e como lidou com elas, reflita sobre o que te amedronta nesse processo, faça uma lista de prós e contras, pesquise, estude, conheça as opções que estão à disposição, se autoconheça, reflita sobre seus limites e capacidades, faça um planejamento realista, converse com alguém de sua confiança e se for necessário busque ajuda profissional que te auxilie a refletir de forma ampliada e aprofundada sobre.

É completamente normal ter dificuldades para tomar decisões, principalmente se esse processo envolver grandes transformações, é um movimento que envolve assumir riscos e responsabilidades, precede o final de um ciclo e início de outro que muitas vezes é desconhecido, portanto, fique o tempo necessário no entre, mas atente-se para ficar apenas o necessário, não espere deixar de ter medo, pois ele é inevitável e tem papel importante, não espere ter certezas absolutas, pois sempre haverá dúvidas, abra espaço para o desconhecido, é no próprio caminho que ele se faz, decida e ocupe teu espaço, tua autonomia de ser quem se é e de seguir por onde sentir-quiser.