Os funcionários do Complexo Famema iniciaram assembleias para discutir a campanha salarial da categoria e devem entregar à instituição uma pauta extensa, de 108 cláusulas, com três focos: reajuste de 15% para repor perdas salariais, ticket alimentação fixo de R$ 350,00 e manutenção de todos os benefícios já conquistados.
A discussão que todos os anos emperra na crise financeira do Complexo, o maior centro público de atendimento em saúde para 62 municípios da região, além de uma alta dose de envolvimento político no debate, já que qualquer aumento de recursos depende do governo do Estado.
A organização da campanha envolve a união do Sinsaúde, o sindicato da categoria, com a Associação dos Funcionários. O primeiro encontro na semana passada apresentou base das reivindicações dos trabalhadores. A data-base da categoria é 1º de junho.
O presidente do Sinsaude, Aristeu Carriel, disse que ainda espera sugestões de funcionários para eventuais reivindicações pontuais por setor mas já pretende articular a primeira reunião de negociação com a diretoria da Famema.
“A base da pauta é a reposição salarial, que hoje seria de 15%, a definição de um ticket fixo, hoje o vale é pago por dia de trabalho, e o principal é manter benefícios, que todos os anos precisam ser renovados”, explica. Entre as conquistas estão benefícios como a jornada especial e o adicional noturno de 40%.
O complexo Famema mantém em torno de 2.500 trabalhadores com uma estrutura organizacional muito complicada que envolve duas fundações diferentes e duas autarquias estaduais vinculadas a duas secretarias do governo estadual – Saúde e Desenvolvimento Econômico-.
Apesar da importância dos serviços para toda a região, os debates raramente envolvem o poder público, as prefeituras beneficiadas ou mesmo a comunicade. Dependentes do governo estadual, prefeitos evitam entrar em atrito tanto na discussão dos salários quanto de outras verbas e avanços.
Além da negociação anual, os trabalhadores da Famema aguardam uma lenta e arrastada reorganização da estrutura funcional, a formalização de todos os cargos efetivos de servidores do Estado, uma situação que apesar de definitiva também seria polêmica: muitas das áreas devem precisar de concursos públicos.
Outro desafio é a baixa participação de funcionários nas assembleias e pressão sobre a direção e o governo. Repetidas convocações de greve emperram no argumento de que as decisões de paralisação envolvem poucos trabalhadores.