Hoje, sentado em uma sala de aula e olhando para os meus alunos me lembro de sempre ter aprontado na escola. Desde cedo, no parque Monteiro Lobato eu já escondia para chegar atrasado após o recreio e não era muito chegado a estudar. A minha mãe sempre tentava me incentivar e até se propunha a realizar alguns trabalhos para que eu não ficasse com nota vermelha ao final dos bimestres. Nada adiantou. Reprovei três anos no Ensino Fundamental. Uma por vontade da professora da terceira série que alegava que eu não tinha condições de acompanhar a turma, então, que cursasse a série novamente. As outras duas, foram na quinta série por vontade própria mesmo. Não era chegado aos estudos.
Aos estudos e nem a nenhum tipo de trabalho braçal pesado ou aquele que o patrão faz questão de lembrar que ele é o patrão e você o empregado. Por isso e outros motivos encarei o grande desafio, cursar uma faculdade. Mas como, logo eu que nunca quis ou gostei de estudar. Cursei História na Unesp e lá, aprendi a estudar. Não tinha opção. A idade não mais me permitia reprovar de ano. Já era um homem feito e tinha que cumprir com as minhas obrigações capitalistas dessa e de outras vidas. Aprendi na marra e gostei. Gostei tanto que cursei outra faculdade. Pedagogia também pela Unesp. Duas faculdades e ambas públicas. Uma maravilha que só Deus para explicar e ele explicou.
Hoje depois de treze anos na educação, sinto na pele o que fazia com os meus professores, porém, naquela época, as brincadeiras em sala de aula eram ingênuas e serviam para a diversão de todos e não em causa própria. Eram tempos felizes em que a educação podia e lhe oferecia conhecimento. Hoje, por mil motivos, as brincadeiras já não são mais ingênuas e sim maldosas, com ares de agressão e muitos professores desistem de transmitir o conhecimento para os alunos que não sabem nem o que é uma educação. Para muitos alunos, o professor é o seu inimigo.
Com o sistema da Progressão Continuada aperfeiçoado pelo PSDB, os alunos não reprovam mais e infelizmente, poucos concluem seu curso da maneira correta. Há que se fazer uma mudança drástica no sistema de ensino do Estado de SP e aos colegas professores, nunca perderam a esperança de que dias melhores virão para a educação e para o conhecimento dos nossos alunos.
Enfim, olhando para trás e lembrando do quanto aprontei na escola, para o ensino hoje e que virei professor, Deus me castigou!