O vereador Cícero Carlos Silva, o Cícero do Ceasa, anunciou nesta sexta-feira sua saída do PT (Partido dos Trabalhadores) após 14 anos de filiação e um mandato como vereador. O partido assinou a filiação no PV (Partido Verde) e ainda nesta tarde participa de reunião da cúpula da legenda.
Apesar do momento de crise nacional enfrentado pelo partido, Cícero diz que a mudança foi motivada principalmente por dificuldades de relacionamento na cidade. Segundo ele, o PT não aproveitou o mandato e não participou na Legislatura.
O desgaste na verdade começou logo após a eleição, quando o candidato do partido a prefeito, Ticiano Tóffoli, enviou para a Câmara projeto de aumento do IPTU que beneficiou o mandato do sucessor, Vinícius Camarinha (PSB) e penalizou contribuintes.
Além disso, Ticiano esteve próximo à administração durante todo o mandato, inclusive com indicação de assessores paras a Codemar.
“Fui cobrado disso muitas vezes no mandato, ouvi muitas vezes que o PT era governo”, disse Cícero, que é um dos três vereadores no bloco de oposição, completado pelo tucano Wilson Damasceno e por Mário Coraíni Júnior, do PTB.
A mudança acontece no último dia da janela de desfiliação, que permite a políticos em mandato trocar de partido sem incorrer na lei da fidelidade partidária. Fora deste prazo Cícero poderia perder o mandato. Ele disse que pretende ser candidato a vereador e, caso eleito, fará seu último mandato para estimular novas lideranças. Afirmou que acredita na formação de uma frente única de partidos de oposição que vá definir o candidato majoritário e as alianças para as chapas de candidatos a vereador.
Antes de escolher o PV, Cícero foi abordado e discutiu filiação ao PC do B, onde seu filho atua e um partido mais à esquerda, e no PPS, comandado em nível nacional pelo deputado federal Roberto Freire e que pode ter a top model Alessandra Berriel como candidata a prefeita.
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Na avaliação de Cícero, o PC do B já desenvolve lideranças próprias, como o sindicalista Irton Siqueira Torres, e o PPS mostra vocação de atuação com movimentos sindicais, mas ele encontrou maior identificação com lideranças e propostas do PV.
Uma das principais influências foi dos grupos de leigos e movimentos ligados à igreja Católica na zona norte da cidade.
Luiz Eduardo Diaz, ex-presidente e atual secretário de Comunicação do PV de Marília, disse que o partido ficou honrado com a filiação de Cícero, a quem atribuiu um trabalho de credibilidade, moralidade e ênfase nos projetos sociais.
Segundo Diaz, o PV espera ter a oportunidade de colocar em discussão na Câmara ainda neste ano algumas de suas propostas, como o orçamento participativo, um conselho de habitação forte, maior transparência na gestão pública e a retomada das obras de tratamento do esgoto.
Servidor público aposentado pela Ceagesp, ainda em atividade no Ceasa de Marília, Cícero tem 54 anos, está em vias de concluir curso de administração de empresas – que paralisou em função do mandato – e atua com projeto sociais como a Horta Comunitária do Santa Antonieta.
Mantém um gabinete itinerante que todos os finais de semana atende eleitores em diversos pontos da cidade.
