O vereador Cícero Carlos da Silva, o Cícero do Ceasa, fará em 2017 seu segundo mandato, reconduzido ao cargo por 2810 eleitores que deram a ele a terceira maior votação deste ano.
Não votei nele – como não votei em qualquer um, estava fora da cidade no dia da eleição – mas acredito que a cidade seria outra, melhor, com mais meia dúzia de vereadores como Cícero.
Como na maioria de processos políticos polêmicos, a história vai dizer se Cicero errou ou acertou ao votar a favor do Plano de Carreira elaborado por Vinícius Camarinha, ainda que a história seja um emaranhado de versões.
Não dá para dizer simplesmente ele errou ou acertou. Mas entendo que seja justo pontuar e aproveitar o caso para discutir questões de prática política.
Cícero diz que votou tranquilo com sua consciência e o que ele considera correto. Bem, Cícero não é representante de si mesmo.
Está muito acima da média como representante dos cidadãos, com medidas como seu gabinete itinerante inovador. Ouve a comunidade e é por ela que deve votar. Sempre. Com ou sem pressão.
A maioria não chega perto disso, vota como quer e não raramente em interesse próprio. Cícero não votou por interesse, mas por entendimento pessoal seu.
Nem ele e nem qualquer outro vereador deveria estar lá pra ter suas ideias, suas vontades, sua determinação pessoal ou o leva consigo o que “desde pequeno aprendi com meu pai”.
São representantes, tem procuração para falar em nome de outros, já que não dá para fazer votações públicas com todos os eleitores a cada decisão importante da cidade.
Ou seja: para ser vereador de verdade não tem que votar como quer, mas como o eleitor quer.
Então decidir se ele está certo ou errado dependeria de saber se seus eleitores concordam com o voto, o que é impossível saber agora.
Além disso, Cícero diz em uma manifestação nesta terça que confia e acredita no prefeito eleito Daniel Alonso. E aí o discurso não bate com a prática.
Daniel disse que em 90 dias teria um novo plano de carreira, construído com os servidores, mais justo. Cícero não parece acreditar no que diz o prefeito eleito, não aceitou essa versão. Votou contra ela, inclusive.
O voto de Cícero é um sinal, escandalosamente barulhento, de algo já dito aqui na coluna: a base de apoio ao prefeito eleito passa longe de cordeiros de presépio. Daniel não terá nem arremedo da facilidade que Vinícius teve e até onde discursa não fará esforço ou o mesmo jogo para ter também.
Não é uma base que obedece e vota, mas uma base com muita vontade própria, muita saúde cívica e muito preparo para pensar projetos, leis e o destino da cidade, o que envolve discordar.
Como isso vai se refletir em outras votações polêmicas é uma das atrações do que vem por aí. Fãs de política acostumados ao 10 a três dos últimos quatro anos recebem previsão de muitas emoções.