Uma obra com 34km de extensão, previsão de nove viadutos, investimentos de R$ 768 milhões para gerar 540 empregos diretos e 1.200 diretos. O projeto está pronto mas não há a menor previsão de início de obras, que dependem de autorização política.
É esse o perfil da implantação do contorno da rodovia BR-153 em Marília, uma obra que pode mudar modelo de ocupação na cidade, criar novas áreas de expansão imobiliária e de negócios e novos acessos viários.
O projeto envolve desapropriações, viadutos, pontes em áreas de preservação, pontos de preservação da fauna com a abertura de um novo trecho de rodovia, com até três pistas em alguns pontos.
E o jogo político não é o único problema. A obra deve gerar ainda risco de desequilíbrio de trânsito levantado pelo Ministério Público federal pelo uso do Contorno como rota de fuga do pedágio da SP-333.
A empresa Triunfo-Transbrasiliana, concessionária responsável pela gestão do trecho paulista da rodovia, apresentou na manhã desta quarta-feira o projeto executivo para a obra, que nem está totalmente finalizado.
Além de decisão política para início da obra, o projeto ainda depende de tramitação na ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), Tribunal de Contas, licenciamento ambiental e execução, que leva sete anos entre desapropriações e obras executivas.
Dirigentes da Triunfo com prefeito Daniel ALonso na apresentação do projeto do Contorno de BR-153
O projeto foi apresentado pelo diretor-presidente da Triunfo-Transbrasiliana, Dorival Pagani Júnior, que repetiu varias vezes a ressalva sobre a indefinição de prazos. A proposta ainda passa por avaliações que podem levar até 30 dias para chegar à versão final. A partir daí enfrente roteiro de obrigações que representa até sete anos de espera.
A primeira versão do projeto foi concluída em dezembro de 2015. “Só que você acaba e ele vai ser auditado pela ANTT. Uma etapa grande auditoria e correções que eles chamam de objeções. Mandamos em 2015 a primeira versão”, explicou.
O projeto não faz parte do contrato de concessão e o governo federal pode até decidir que ela seja realizada pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, com licitação pública. Ou seja, o projeto ainda envolve muitas indefinições.
Durante a solenidade a concessionária apresentou um vídeo com projeções em 3D de como vai ficar a rodovia. Há indicação de iluminação em LED poara todo o trecho, alternativas de acesso urbano para as zonas sul e leste da cidade, incentivo a investimentos imobiliários e afastamento de caminhões do contorno estadual em volta da cidade atualmente.
O prefeito Daniel Alonso afirmou no encontro que a implantação do novo trecho vai criar um rodoanel na cidade, com opções de rodovia em todo o contorno da cidade com incenivo a passagem de cargas e viajantes. A concessionária projeta ainda um grande incremento em arrecadação de impostos com a obra, especialmente ICMS.
PEDÁGIOS E TRÁFEGO
Segundo Dorival Pagani Júnior, o projeto não prevê cobrança de pedágio nos 34km, mas o desenho da rodovia deve influenciar a fuga do pedágio da SP-333, que vai ficar a poucos metros de um dos trevos da rodovia.
O procurador da República Diego Leão Fajardo acompanhou a apresentação do estudo e lembrou que 73% dos usuários que irão pagar pedágio na rodovia estadual são motoristas em viagem pela rodovia federal e não iriam mais passar pela praça de cobrança.
“Esses usuários não são da SP, ou vêm de Ourinhos e são de Marília e vão seguir pela BR-153. O que significa? Estando pronto o contorno, a esmagadora maioria dos motoristas irá utilizar o contorno.”
Além desses motoristas, o procurador prevê um problema com grande quantidade de motoristas que usariam a rodovia estadual mas vão desviar por dentro de Marília para fugir do pedágio. “Vai ter um absurdo incremento de tráfego viário”, que pode virar um grande problema urbano para a cidade.
“Quando contamos isso para a Artesp e dissemos parem o projeto. Eles deram de ombros e definiram que se isso acontecer podem aumentar o valor de pedágio. Esse pedágio, quando o contorno estiver pronto, vai ser aumentado para compensar o contorno. Haverá efeito colateral bastante prejudicial ao município”, disse o procurador.