Um verdadeiro cemitério de pontos comerciais, com prédios fechados nas principais ruas do centro da cidade, é alimentado por dois grandes fatores: a retração da economia e a atuação de “mercenários” definição do Sindicato do Comércio para proprietários que cobram valores absurdos em “luvas” ou “joias” além do aluguel.
Assumir um prédio comercial de médio a grande porte em ruas como São Luiz e 9 de Julho pode custar de cara R$ 80 mil ao candidato, além dos custos de aluguel, implantação, impostos e estoque.
Segundo o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Marília, Pedro Pavão, a crise econômica nacional é o principal problema. Alto custo de impostos, encargos e desemprego prejudicam o setor e não devem ter solução em curto prazo.
Mas ele critica também a postura de poucos proprietários que controlam número grande de prédios e não mostram qualquer compromisso com o desenvolvimento da cidade.
“São mercenários que atuam aproveitando até o momento de dificuldades pedindo valores exorbitantes, fora da realidade. Não temos como atuar, trombar com estas pessoas. O bom senso seria um entendimento, mas não acredito”, disse.
Segundo Pavão, as pessoas são sempre as mesmas, “todos nós conhecemos, é meia dúzia” e trazem um prejuízo muito grande ao comércio. Para Pavão, além do abandono de prédios em ruas centrais, os pontos fechados são negativos pela falta de incentivo à geração de empregos, que reflete em outras lojas. “O desempregado deixa de comprar, deia de girar dinheiro na economia em um momento que já é de dificuldades.”
Para o Sindicato, um dos reflexos desta atuação é o crescimento de corredores afastados do centro e nos bairros. “Muitas vezes tem consumidor e quem quer e precisa comprar vai atrás. A cidade cresceu e isso facilitou. E estes mercenários também vão sentir isso, embora não dependam, tenham recursos, mas vai acontecer.”
IMOBILIÁRIAS
O empresário do setor imobiliário e delegado do Creci (Conselho de Corretores) na cidade, Hederaldo Benetti, disse que a palavra usada pelo sindicato é a correta, são mercenários no setor.
“São proprietários que não deixam em imobiliárias, não ouvem corretores e fazem a cobrança das cabeças deles, Você vê quantos prédios fechados por esta situação. Querem luvas e ficam inviabilizando. Enquanto o mercado vive momento de negociação, proposta de redução, estes proprietários pensam em luvas”, diz.
Segundo Hederaldo Benetti, o mercado oficial nas imobiliárias já nem usa mais este modelo de cobrança. Reúne proprietários que buscam locação como fonte de renda e investimentos para no setor.
A palavra é esta mesmo, são mercenários e não adianta falar. Não precisam disso pra viver, fechados ou abertos é indiferente para eles.
“Isso não existe mais, só para alguns proprietários. É ruim para o mercado e para o comércio é pior ainda. Não adianta falar, porque ele diz o prédio é dele e ponto.”
CRISE
Pavão disse que a retomada do setor depende das reformas que o país deixou de fazer e agora tentar conseguir “de afogadilho”. Para o sindicalista, as principais mudanças podem esbarrar na crise política, no congresso comprometido e na dificuldade em conseguir de deputados e senadores apoio para as medidas necessárias.